Vizinhos lamentam morte de comerciante em tentativa de assalto no Grajaú: ‘Alicerce do bairro’ | Rio de Janeiro

Paulo Roberto Pires da Rocha foi descrito como um vizinho querido por todo o bairro – Reprodução/Redes Sociais Paulo Roberto Pires da Rocha foi descrito como um vizinho querido por todo o bairroReprodução/Redes Sociais Publicado 15/12/2025 13:27 | Atualizado 15/12/2025




Paulo Roberto Pires da Rocha foi descrito como um vizinho querido por todo o bairroReprodução/Redes Sociais

Rio – Moradores do Grajaú, na Zona Norte, lamentam a insegurança no bairro, após a morte de um vizinho, no último sábado (13). O comerciante Paulo Roberto Pires da Rocha, de 71 anos, foi baleado em uma tentativa de assalto entre as ruas Caçapava e Sabará e não resistiu aos ferimentos. O corpo da vítima será sepultado na próxima terça-feira (16) e o caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Uma amiga da família conta que Paulo Roberto e a mulher estavam em uma confraternização no Largo do Verdun, mas decidiram voltar para casa, na Rua Caçapava, mais cedo, já que ainda participariam de uma celebração com funcionários e uma ação de Natal no dia seguinte. No caminho, a companheira notou a presença de duas motocicletas e, assustado, ele acelerou o carro, atingindo um poste. Em seguida, os criminosos atiraram contra a vítima, que foi baleada nas costas. 

O comerciante foi socorrido ao Hospital do Andaraí, mas não resistiu. Por conta da batida, a mulher do idoso teve o braço quebrado e precisou levar cerca de 20 pontos nos lábios. Paulo Roberto, conhecido como Paulinho, era comerciante no Grajaú, onde tinha uma loja de doces e outra de artigos para festas e descartáveis, no Largo do Verdun. Para a vizinha Vania Pinheiro, o bairro perdeu o melhor amigo e alicerce, a quem descreveu como uma pessoa bondosa e amada por todos.

“O Paulinho era amado por todos, ele era uma pessoa muito boa de coração, ajudava a todos, os funcionários, os amigos. Era super do bem, não tinha inimigos. Nós perdemos o melhor amigo que o Grajaú já teve até hoje (…) Os funcionários amavam o Paulinho, ele tinha um coração enorme, não media esforços para ajudar seja quem fosse. Por isso que o bairro está abalado. Ele era o alicerce do bairro, empregava muita gente e ajudava todo mundo”, lamentou a moradora. 

Há 10 anos, a família do idoso já havia sofrido com a violência, quando o filho do casal, que era tenente do Batalhão de Polícia de Choque (BChq) foi morto a tiros na Rua Gonzaga Bastos, em Vila Isabel, também na Zona Norte do Rio. Além disso, a companheira dele se recuperava recentemente de um câncer. Paulo Roberto deixa a mulher, uma outra filha e dois netos. O corpo dele será sepultado na terça-feira (16), às 10h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste. 

“A família já estava destruída, vinham se recuperando, e a mulher dele estava com um problema sério de câncer. De um ano para cá que a vida deles vinha melhorando, que eles foram sorrindo (…) Os netos dele ainda não sabem e a mulher dele está em choque. Imagina a cabeça dela, o filho assassinado e agora o marido assassinado com essa violência do Rio de Janeiro. Ela está destruída. E a filha dele também está em choque”, disse Vania. 

Nas redes sociais, outros vizinhos também lamentaram a morte de Paulo Roberto. “O bairro está em choque e de luto”, escreveu um morador. “É devastador ver uma pessoa tão boa, tão querida pelo bairro, ter sua vida interrompida dessa forma absurda. O Sr. Paulo era conhecido por sua simpatia, seu jeito acolhedor e pelo carinho com que atendia a todos. Deixa uma família destruída e uma comunidade inteira muito triste”, comentou outro. “Paulinho era muito querido por todos no Grajaú. Nosso bairro pede socorro às autoridades”, afirmou mais um. 

Rotina de insegurança

Moradores do Grajaú relatam que tem convivido com o medo, por conta dos constantes assaltos na região. Vania relata que durante o dia, o bairro conta com reforço no policiamento, feito pelos agentes do programa Segurança Presente, mas durante à noite, há poucas viaturas circulando pelas ruas do bairro. Com a insegurança, muitos moradores deixaram de sair no período, por medo de não conseguirem retornar. 

“O Grajaú é policiado durante o dia, tem o Segurança Presente que funciona. Mas à noite, o bairro não tem policiamento. A gente já conversou com o 6º BPM (Tijuca) e eles têm pouco policiamento para atender a população da Grande Tijuca. O Grajaú é um bairro caseiro, tem muitas casas, é escuro porque tem muitas árvores. À noite, a gente nem quase sai mais de casa, porque não sabe se vai voltar, como foi o caso do Paulinho”, desabafou Vania. 

“Estamos largados com relação a segurança, toda vez que vejo uma moto já fico tremendo pensando que é assalto, fora as bicicletas que também nos causam terror, uma vida se foi e tudo vai continuar a mesma coisa?”, questionou um morador em uma publicação nas redes sociais.

O presidente da Associação de Moradores do Grajaú (Amgra) diz que os crimes acontecem principalmente após o plantão do Segurança Presente no bairro e que a insegurança tem se agravado pelo baixo efetivo de policiais durante à noite e a falta de rigidez da Justiça com criminosos. Lupércio Ramos acredita que um policiamento ostensivo nos principais acessos e saídas e a instalação de câmeras de monitoramento que ajudem a inibir e identificar bandidos podem melhorar a segurança da área.

“A gente tem passado muita dificuldade na questão da segurança. A polícia está fazendo a parte dela, mas a Justiça não está cooperando, está sempre soltando. E o 6º BPM hoje não tem efetivo para tomar conta de toda a Grande Tijuca, estão enxugando gelo. A gente só tem duas viaturas à noite que ficam fazendo a ronda no bairro, mas eles têm que fazer nos outros bairros, também (…) Não é um bairro difícil de fazer a segurança, tem umas duas ruas de entrada e três de saída principais. Se reforçar a segurança nessas ruas, a coisa já fica totalmente diferente”, afirmou o presidente. 

Ainda segundo Ramos, os moradores vítimas de criminosos precisam registrar os casos na delegacia que atende a região, para que a polícia tenha dados da mancha criminal e consiga realizar um planejamento de segurança mais efetivo. De acordo com dados do indicador estratégico do Instituto de Segurança Pública (ISP), entre janeiro e outubro deste ano, foram registrados 445 roubos de veículos na área do 6º BPM (Tijuca), que atua no Grajaú e outros bairros da Grande Tijuca. Já entre os roubos de rua, houve 3.492 casos na região, no mesmo perído. 

Em uma publicação, o Batalhão lamentou a morte do comerciante e afirmou que faz o melhor possível com os recursos disponíveis. “A perda de uma vida em uma área sob nossa responsabilidade é algo que dói, revolta e jamais será tratado com indiferença. É importante deixar claro que fazemos o melhor que está ao nosso alcance, diariamente, com os meios e recursos disponíveis. Nossos policiais estão nas ruas, enfrentando riscos reais, muitas vezes com efetivo reduzido, limitações logísticas e uma demanda que cresce de forma desproporcional à capacidade operacional existente”, diz a nota. 

Ainda no texto, o 6º BPM ressalta que segue prendendo criminosos, apreendendo armas e “trabalhando para evitar que tragédias como essa aconteçam”. À reportagem do DIA, a Polícia Militar confirmou que haverá planejamento para o reforço no policiamento no Grajaú. 



Conteúdo Original

2025-12-15 13:27:00

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