vídeo da Polícia sobre prisão de MC Poze questiona limite da ‘liberdade de expressão’ e diz que ela pode custar ‘uma vida’

A Secretaria de Polícia Civil publicou, em seu perfil no X, um vídeo após a prisão de MC Poze do Rodo, na manhã desta quinta-feira. No material, o órgão questiona o limite da liberdade de expressão artística, que “pode custar


A Secretaria de Polícia Civil publicou, em seu perfil no X, um vídeo após a prisão de MC Poze do Rodo, na manhã desta quinta-feira. No material, o órgão questiona o limite da liberdade de expressão artística, que “pode custar uma vida, a sua vida”. Em referência ao MC, o vídeo fala que “um cantor famoso, que posa nas redes sociais com celebridades, faz um show um pouco diferente daqueles que você conhece. Um show com letras que enaltecem uma facção criminosa que tem na plateia criminosos com armas pesadas e divertindo”. Segundo a polícia, “o nome disso é narcocultura”.

A publicação frisa a busca da facção para “atrair gente para os shows para promover o estilo de vida dos bandidos, para normalizar o consumo de drogas, o domínio de territórios e o uso ilegal de armas. Esses shows movimentam dinheiro que vão diretamente para os bolsos dos traficantes. Esse dinheiro financia crimes, roubos, guerras, mortes”.

Polícia Civil: crítica à narcocultura — Foto: Reprodução Polícia Civil

Veja a íntegra da mensagem:

“Qual é o limite da liberdade de expressão? E se eu disser que pode custar uma vida, a sua vida? Um cantor famoso, que posa nas redes sociais com celebridades, faz um show um pouco diferente daqueles que você conhece. Um show com letras que enaltecem uma facção criminosa que tem na plateia criminosos com armas pesadas e divertindo. O nome disso é narcocultura. Eles querem atrair gente para os shows para promover o estilo de vida dos bandidos, para normalizar o consumo de drogas, o domínio de territórios e o uso ilegal de armas. Esses shows movimentam dinheiro que vão diretamente para os bolsos dos traficantes. Esse dinheiro financia crimes, roubos, guerras, mortes. Hoje o cantor não vai subir no palco, foi para trás das grades. Mas a nossa luta continua, para acabar com essa narcocultura, combater o crime organizado e promover a cultura do bem.”

'Rodou': vídeo da Polícia Civil sobre prisão de MC Poze diz que cantor de funk propaga narcocultura

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Imagem de vídeo da Polícia Civil sobre prisão de MC Poze — Foto: Reprodução Polícia Civil
Imagem de vídeo da Polícia Civil sobre prisão de MC Poze — Foto: Reprodução Polícia Civil

Na avaliação da Polícia Civil, o Comando Vermelho tem usado MCs e influenciadores digitais como ferramentas para difundir sua ideologia, enaltecer o tráfico e movimentar recursos obtidos com atividades criminosas. A secretaria aponta que esses artistas atuam como instrumentos de propaganda da facção, promovendo shows em comunidades dominadas pelo grupo, incentivando o uso de armas e drogas e lavando dinheiro por meio de eventos financiados pelo crime organizado. Um dos alvos dessa linha de investigação é o cantor MC Poze do Rodo, preso temporariamente nesta quinta-feira durante operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

A polícia informou, durante a entrevista coletiva após a prisão de MC Poze, na Cidade da Polícia, que o artista teria ligação direta com o Comando Vermelho, ao fazer apologia à facção em suas músicas e participar de eventos bancados por traficantes. Durante o cumprimento de mandados, foram apreendidos celulares, joias com símbolos da facção, documentos, eletrônicos e uma BMW.

A DRR cumpriu contou o mandado de prisão temporária na casa do cantor, no Recreio dos Bandeirantes, e dois de busca e apreensão. Segundo as autoridades, foram reunidas provas que ligam o artista à facção.

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O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, enfatizou que Poze atua como “instrumento de guerra informacional do Comando Vermelho”.

— Esse suposto MC transformou a música em um instrumento de dominação, divulgação e disseminação da ideologia da facção criminosa — declarou. — Ele dissemina que o crime é uma necessidade social. As letras são instrumentos de propaganda, enaltecendo armas de grosso calibre, uso de drogas, discurso antipolícia e disputas territoriais. Isso extrapola qualquer manifestação cultural ou liberdade de expressão. São elementos de cooptação e aliciamento de menores. É por isso que a Polícia Civil atuou hoje no campo da guerra informacional.

MC Poze do Rodo é preso em condomínio no Recreio — Foto: Reprodução TV Globo
MC Poze do Rodo é preso em condomínio no Recreio — Foto: Reprodução TV Globo

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Advogado de Poze rebate acusações e diz que Mainstreet não tem relação com os crimes investigados

Responsável pela defesa do cantor Poze do Rodo, o advogado Fernando Henrique Cardoso afirmou que a gravadora Mainstreet, da qual o artista faz parte, não é citada diretamente na decisão que fundamentou a prisão temporária do funkeiro, ocorrida nesta quinta-feira, durante operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A gravadora e seus artistas — entre eles, Poze, Orochi, Oruam e Cabelinho — são alvos de investigação por suposto envolvimento com o Comando Vermelho, suspeitos de lavar dinheiro com shows, propagar a ideologia da facção em letras de músicas e participar de eventos financiados pelo tráfico de drogas.

— A única coisa que eu posso dizer da gravadora em relação à decisão judicial é que a mesma decisão judicial que fundamentou a prisão temporária, a busca e apreensão do Marlon (nome de batismo de Poze), é a mesma decisão judicial que coloca em completo escanteio a presença da gravadora em qualquer tipo dessa prisão. A polícia diz ter fortes indícios também que ele tem relação com o Comando Vermelho. É, também não conheço desses indícios — disse Cardoso, que representa a gravadora e seus artistas.

Ainda segundo o advogado, a defesa teve acesso recente e limitado aos autos e só poderá se manifestar de forma mais precisa quando tiver conhecimento integral da investigação.

— Nós tivemos acesso, um acesso recente, prematuro ainda, ao procedimento cautelar que traz a decisão da prisão temporária, da busca e apreensão e ao que foi feito pela delegacia de polícia enquanto uma representação desses dois elementos. Nós não tivemos tempo nem de ter analisado isso direito ainda. A investigação ainda é sigilosa, nós ainda tomaremos ciência de tudo para poder emitir qualquer opinião. Até então eu desconheço essa questão — declarou.

A Polícia Civil afirma que investiga a utilização de recursos oriundos do tráfico para financiar bailes funks, clipes e estruturas de artistas ligados à gravadora. Segundo a DRE, esses eventos e conteúdos artísticos funcionariam como instrumentos de cooptação de jovens para o crime e propaganda do Comando Vermelho.

A Polícia Civil menciona o show de MC Poze na Cidade de Deus, comunidade na Zona Oeste do Rio, em que foi registrada a presença de homens armados, inclusive com armas de grosso calibre. A corporação também cita que “o cantor entoou diversas músicas enaltecendo a facção criminosa”. Foi aberta uma investigação para apurar a realização deste baile funk, no último dia 17.

No dia 19, durante operação da Polícia Civil para combater a venda de gelo contaminado para bares e quiosques das praias da Barra e do Recreio, o policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) morreu ao ser baleado na cabeça. O agente chegou a ser socorrido para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas seu estado era “muito grave” e não resistiu.



Conteúdo Original

2025-05-29 13:22:00

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