Vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), o desembargador Claudio de Mello Tavares reafirmou o compromisso da Corte no combate à influência do crime organizado nos pleitos. A declaração ocorreu na sexta-feira, em reunião com magistrados das 165 zonas eleitorais do estado, cujo objetivo era alinhar diretrizes estratégicas para o aprimoramento dos serviços eleitorais e do julgamento de processos.
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— Temos que nos unir e fazer a nossa parte. Não podemos admitir que pessoas infiltradas a serviço do crime organizado tenham candidatura deferida — disse Tavares, ao relembrar que o TRE-RJ barrou candidaturas com envolvimento criminoso nas eleições de 2024. As decisões foram referendadas posteriormente pelo colegiado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Tavares ressaltou também a importância de “buscar locais de votação fora de áreas de risco, de modo que todos possam votar livres de qualquer pressão, garantindo o livre acesso dos eleitores”. Segundo o desembargador, é importante ampliar o cadastro biométrico de eleitores e de estimular o voto consciente.
— Existe muita desilusão do eleitor com a política. Temos que resgatar o valor da cidadania na sociedade, lembrando que o peso do voto de cada um é igual — afirmou.
Na sexta-feira, o desembargador informou ainda que um relatório de produtividade será encaminhado ao TSE a cada três meses, conforme definido em recente reunião realizada em Brasília pela presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, com a participação da corregedora-geral eleitoral, ministra Isabel Gallotti, e representantes das Corregedorias Regionais Eleitorais.
A defesa do sistema eleitoral da influência do crime organizado se mostra como uma preocupação constante dos órgãos de Justiça. Em entrevista ao GLOBO, em novembro, Cármen Lúcia afirmou que a tentativa de facções de influenciar e se infiltrar nos pleitos municipais “não pode ser subestimada”. Segundo ela, a Justiça tem coordenado um cruzamento de dados para monitorar o tema.
— (O cenário é) bastante grave, especialmente considerando a ousadia do crime de querer ser o formulador de leis. Há um risco real de que esse comportamento se estenda às instâncias estaduais e até nacionais. É grave esse atrevimento criminoso (…) Devemos adotar medidas imediatas, tanto para evitar que os criminosos alcancem seus objetivos quanto para impedir que algo que já tenha começado em outros momentos se perpetue.
2025-06-03 17:06:00