Veja quais áreas do Rio são prioritárias para atuação da guarda armada; locais têm altos índices de furto e roubo

Entre os novos detalhes sobre o funcionamento do projeto que cria a Divisão de Elite da Guarda Municipal, anunciados pelo prefeito Eduardo Paes, nesta sexta-feira, está a determinação de áreas de atuação dos agentes. Segundo Paes, a guarda armada, que


Entre os novos detalhes sobre o funcionamento do projeto que cria a Divisão de Elite da Guarda Municipal, anunciados pelo prefeito Eduardo Paes, nesta sexta-feira, está a determinação de áreas de atuação dos agentes. Segundo Paes, a guarda armada, que será comandada pelo atual secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, atuará exclusivamente em áreas com altos “índices de furto, roubo, e pequenos delitos”.

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As áreas e os horários de atuação do novo grupamento armado, que tem previsão de atuação nas ruas em fevereiro de 2026, serão definidas baseada nas chamadas “manchas criminais”, monitoradas pela própria Guarda Municipal.

Nesta sexta-feira, a prefeitura destacou que 5,5% do território do Rio concentram 50% dos roubos e furtos de rua. A região Central do Rio, por exemplo, onde a atuação dos agentes será no fim da tarde, terá foco nas seguintes áreas:

  • Campo de Santana
  • Entorno da Central do Brasil
  • Uruguaiana
  • Candelária
  • Largo da Carioca
  • Lapa (Avenida Mem de Sá)

As áreas escolhidas para a atuação da nova guarda armada estão localizadas no perímetro de três delegacias: a 5ª DP (Mem de Sá), a 1ª DP (Praça Mauá) e a 4ª DP (Presidente Vargas). Juntas, essas regiões concentraram 1.803 registros de roubos de rua entre janeiro e abril de 2025 — uma média de 15 ocorrências por dia.

A 5ª DP, que abrange a região da Central do Brasil, lidera o ranking estadual de roubos de rua no primeiro quadrimestre do ano, com 974 casos. Já a área da 1ª DP, no Centro, aparece como a décima com mais registros no estado, somando 546 ocorrências. A 4ª DP, que cobre parte da Lapa e arredores, contabilizou 283 casos no mesmo período.

Em 2024, a cidade do Rio registrou 83.966 roubos e furtos nas ruas — uma média de 230 ocorrências por dia, ou 9,6 por hora. Segundo o prefeito, a decisão de armar a Guarda Municipal também se apoia na percepção de insegurança da população: no ano passado, 65% dos cariocas declararam acreditar ter chance média ou alta de serem assaltados com violência nas ruas. Os dados são do Instituto de Segurança Pública (ISP), da FGV e da PNAD/IBGE 2021.

— Estamos fazendo o que me comprometi desde o início. Vamos implantar um novo modelo de policiamento. A população pode ter certeza de que serão muitos treinamentos. O crime que mais afeta o carioca está na rua, e é nesse foco que vamos atuar com a guarda — afirmou Paes.

Monitoramento por região

Conforme apresentado pela prefeitura, a Força Municipal de Segurança (FMS) terá como base de operação o uso de evidências, inteligência territorial e análise de dados para definir onde e quando os agentes devem atuar. O planejamento será feito a partir das chamadas manchas criminais — um mapeamento dinâmico das áreas com maior incidência de pequenos delitos, atualizado constantemente com dados fornecidos por sistemas como o QMD (Quadro de Monitoramento Dinâmico).

A cidade será dividida por Áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs), as mesmas usadas pela polícia do estado, e os agentes atuarão prioritariamente em “microáreas quentes” — regiões menores com histórico frequente de ocorrências. A estratégia será adaptada conforme a evolução dos indicadores criminais.

Tecnologia e fiscalização rígida

Os agentes armados atuarão em duplas, a pé ou em motos, e serão permanentemente monitorados. Todos estarão equipados com rádios, câmeras corporais e celulares com GPS e comunicação por voz em canal inviolável. Os dispositivos, que não podem ser desligados, permitirão o acompanhamento em tempo real da localização e da conduta dos profissionais.

A prefeitura explica que as ordens de serviço dos agentes serão individualizadas, com informações de geolocalização, início e término da missão, e vinculadas ao mapeamento criminal diário. Além disso, o modelo prevê que um líder territorial será responsável por planejar as ações, controlar os agentes e monitorar a criminalidade na área designada.

O desempenho e a conduta dos integrantes serão avaliados mensalmente em reuniões inspiradas no modelo Compstat — metodologia que integra tecnologia, estatísticas e gestão policial para reduzir o crime e melhorar a segurança pública. O sistema, segundo o município, terá a participação do prefeito, secretarias, subprefeituras e órgãos convidados, dependendo do problema enfrentado.

Guarda Municipal armada: agentes vão atuar em dupla a pé ou em motos — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Conforme edital publicado em Diário Oficial na última quarta-feira, neste primeiro momento, a seleção é voltada exclusivamente para guardas já efetivos na GM. Serão abertas 600 vagas internas, divididas em duas turmas de 300 agentes, conforme a ordem de classificação de acordo com os critérios de seleção. Os guardas que vão compor esse novo segmento receberão uma gratificação de R$ 10.283,48 além do salário normal.

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O valor chama atenção por ser, por exemplo, mais do que o dobro da remuneração inicial de um policial militar no estado, que é de R$ 5.200, segundo o último edital, publicado em 2023. Na comparação com os vencimentos de outras guardas municipais no estado, a diferença é ainda maior.

O projeto, se confirmado como está, autoriza também a contratação de agentes temporários para compor a nova força. Esses profissionais poderão ser admitidos por até um ano, com possibilidade de renovação por cinco vezes. Na prática, significa que um agente pode permanecer por até seis anos em regime temporário. Nesse caso, o salário final previsto é de R$ 13.033, composto por um vencimento base (R$ 1.813,01), uma gratificação por risco (R$ 916,51) e o mesmo valor oferecido aos guardas efetivos para a atuação armada (R$ 10.283,48).

O foco da atuação da tropa armada

Segundo Paes, a Divisão de Elite será voltada para uma atuação qualificada nas ruas, com foco na prevenção de roubos e furtos em locais públicos, exercendo um papel complementar às polícias. O prefeito ressaltou que a Guarda Municipal não substituirá a Polícia Militar em ações como a retomada de territórios dominados por facções.

  • Atuação em ações de segurança urbana com base em leis municipais
  • Policiamento ostensivo e comunitário
  • Intervenção diante de condutas lesivas a pessoas, bens e serviços, incluindo prisões em flagrante
  • Cooperação com as polícias Civil e Militar, sem sobreposição de funções
  • Submissão ao controle externo do Ministério Público

Como essa divisão de elite vai trabalhar:

  • Duplas de agentes a pé ou em motos
  • Alinhamento por Áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs) e microáreas com maior incidência criminal
  • Definição de local e horário com base na mancha criminal
  • Comando operacional a partir de salas de videomonitoramento e inteligência territorial
  • Escala 12×36 com ordens de serviço baseadas em dados (QMD)
  • Liderança territorial responsável pelo planejamento, controle e monitoramento da atuação em campo

O que a guarda armada não pode fazer

  • Não faz investigação criminal
  • Não atua para retomar territórios dominados por facções
  • Não realiza operações contra o crime organizado

De acordo com a prefeitura, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (Artigo144 / Resolução Extraordinária 608588), de fevereiro deste ano, ampliou as possibilidades de atuação da gestão municipal contra o crime.

Confira o que o STF permitiu que as guardas municipais façam:

  • Policiamento ostensivo e comunitário urbano: atuação visível nas ruas e espaços públicos para prevenir crimes e aumentar a sensação de segurança;
  • Atuação diante de crimes em andamento ou flagrantes: permissão de agir imediatamente diante de situações de violência ou ameaça direta a pessoas, bens e serviços, inclusive efetuar prisões em flagrante.
  • Prevenção e mediação de conflitos locais: as guardas podem ser utilizadas em ações que promovam o diálogo, a pacificação de conflitos e a proteção de escolas, praças, parques, entre outros espaços municipais.
  • Trabalho em cooperação com as Polícias Civil e Militar: Atuação de forma complementar, sem disputar competências com as polícias estaduais.
  • Respeito às normas gerais da União: Os municípios podem legislar sobre a atuação das guardas, desde que sigam diretrizes nacionais previstas no artigo 144 da Constituição e em legislação federal.
  • Controle pelo Ministério Público: As atividades das guardas municipais, por terem natureza policial, estão sujeitas ao controle externo do MP, conforme a Constituição (art. 129, VII).



Conteúdo Original

2025-06-06 12:15:00

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