Apesar de números baixos de crimes registrados na Urca, os índices de roubos a celular vêm apresentando crescimento ao longo dos últimos anos (com exceção de 2021). Foram sete roubos em 2020, apenas um em 2021; 12 em 2022; 14 em 2023; e 21 em 2024, um aumento de 50% nos últimos dois anos da série. Os dados fazem parte do Mapa do Crime, levantamento exclusivo do GLOBO com base em registros do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). A análise traça um raio-x da violência nos bairros cariocas, a partir dos quatro tipos de roubo mais comuns: a transeunte, de celular, em transportes públicos e de veículos — crimes que alimentam, muitas vezes, as engrenagens do tráfico e da milícia.
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Outro tipo de crime apurado pelo O GLOBO também registrou alta no bairro da Zona Sul no último ano. Foram 16 roubos a pedestres em 2024, contra nove em 2023.
Além disso, foram cinco carros roubados em 2024 e dois ônibus roubados em 2024.
Entenda o que é o Mapa do Crime
Quais são os bairros mais perigosos do Rio? Onde os roubos avançaram? Quais é o horário menos seguro para caminhar pela vizinhança? Para ajudar a responder essas perguntas e entender a dinâmica da violência na cidade, o GLOBO desenvolveu o Mapa do Crime, uma ferramenta interativa de monitoramento de roubos no Rio com dados inéditos de delitos por bairros. Disponível no site do jornal a partir de hoje e acessível tanto pelo computador quanto em celulares e tablets, o mapeamento disponibiliza informações sobre quatro crimes diferentes — roubos de celular, a transeunte, de veículo e em coletivo — em 147 bairros diferentes da capital.
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A ferramenta tem filtros que permitem diferentes visualizações. O leitor pode escolher um dos quatro crimes, o ano-base (de 2020 a 2024) e também o modo de apresentação dos dados: por números absolutos, por taxa por cem mil habitantes ou pela variação em relação ao ano anterior. Cada opção gera uma gradação de cores, que permite distinguir os bairros com mais roubos, maiores taxas ou com maiores aumentos de crimes — mais escuros — daqueles que registraram menos ocorrências, têm taxas mais baixas ou apresentaram diminuição de ocorrências, em tons mais claros. Também há a opção de visualizar os dados em formato de ranking.
Para se aprofundar, ainda é possível digitar o nome do seu bairro ou clicar nele no mapa. Numa nova aba, aparecem a série histórica de crimes no bairro de 2020 a 2024, a variação do delito naquele local em relação ao ano anterior, uma comparação com outros bairros e também um mapa de calor com os horários e dias com as maiores concentrações de roubos.
A ferramenta foi produzida a partir de microdados de mais de 250 mil registros de ocorrências obtidos via Lei de Acesso à Informação junto ao Instituto de Segurança Pública (ISP). O órgão, responsável por compilar as estatísticas da segurança no estado, divulga mensalmente indicadores divididos por áreas de batalhões e delegacias — que abrangem, na maioria dos casos, vários bairros. Buscando entender dinâmicas criminais hiperlocais, o GLOBO fez seguidos pedidos ao órgão por acesso a dados mais precisos, como coordenadas ou nome das ruas — todos negados sob o argumento de que essas são informações sigilosas. As menores unidades territoriais disponibilizadas pelo ISP são os bairros, que foram usados como base para o desenvolvimento da ferramenta. É a primeira vez que indicadores criminais no Rio são divulgados com esse nível de detalhamento.
De posse da base de dados, o GLOBO usou inteligência artificial para detectar erros de digitação e, em seguida, checou cada uma das linhas da planilha para corrigir campos preenchidos incorretamente — como, por exemplo, vítimas que mencionaram “Praça Saens Peña” ao invés do bairro Tijuca. Ao final do processo, só em 5% dos registros não foi possível determinar o bairro do crime. Por conta da baixa quantidade de registros, alguns bairros foram aglutinados, como os que integram a Ilha do Governador.
Ao contrário do ISP, que divulga os registros com base na data de comunicação do crime à polícia, o GLOBO optou por usar como referência a data do fato. Portanto, um roubo que aconteceu em 31 de dezembro de 2023 e só foi registrado no dia seguinte, será contabilizado, na ferramenta, em 2023. O período de tempo das ocorrências disponibilizadas pelo ISP vai de 2020 a 2024. Os dados de 2025 ainda estão passando por um processo interno de retificação. Quando forem disponibilizadas, o mapa será atualizado.
2025-07-28 15:00:00