Tio de policial do Bope morto em operação compara violência do Rio a câncer, que sobrinho ajudava a combater: ‘Era um guerreiro’

Os corpos dos policiais militares Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos, e Cleiton Serafim Gonçalves, de 42, estão sendo velados, na manhã desta quinta-feira, na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope), onde eram lotados. Aos poucos, parentes e


Os corpos dos policiais militares Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos, e Cleiton Serafim Gonçalves, de 42, estão sendo velados, na manhã desta quinta-feira, na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope), onde eram lotados. Aos poucos, parentes e amigos começam a chegar no local. Os dois morreram durante a Operação Contenção, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, na última terça-feira, para deter o avanço do Comando Vermelho (CV). A ação foi a mais letal do país e deixou, ao todo, 121 pessoas mortas.

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Emocionado, Edson da Silva Carvalho, de 54 anos, tio de Heber, disse que a carreira militar sempre foi o sonho do sobrinho. Ele contou que o PM ingressou inicialmente no Corpo de Fuzileiros Navais, mas a meta era ser policial do Bope, grupo de elite da PM.

— É uma perda imensa. Ele era muito querido por nós. Era um rapaz cheio de gás, mas Deus sabe o que faz. A PM era tudo para ele. Começou como fuzileiro, mas o sonho era ser do Bope. Tudo que pretendia corria atrás e conseguia — disse.

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Sobre a violência da cidade, que levou a vida de seu sobrinho, Edson comparou a um câncer, que Heber morreu tentando combater.

— É triste para todos nós. Esse Rio de Janeiro está como se fosse um câncer. Ele era um guerreiro tentando combater isso, o crime organizado. Era um guerreiro para nós.

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O velório deve durar até 9h30. Depois desse horário o corpo de Heber vai ser levado num caminhão do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, onde será sepultado às 11h. Já no corpo de Cleiton será transportado para o município de Mendes, onde será realizado o enterro, no Cemitério Municipal, às 16h30.

O tenente-coronel Marcelo Corbage, comandante do Bope, destacou que o momento agora é de acolhimento:

— Nós estamos agora chorando os nossos. Apoiando, acudindo as famílias e os irmãos que estavam com ele no front. Eles, antes de tombarem, salvaram outros policiais feridos. Que o sacrifício deles não seja esquecido, não seja algo que não tenha tido propósito. A gente quer fazer disso uma bandeira, porque temos de dar força para que nós que estamos aqui continuemos. Uma frase que o sargento Heber falava antes de qualquer missão era “ninguém vai parar a gente”. E assim nós vamos perpetuar.

Terceiro-sargento da Polícia Militar Heber Carvalho da Fonseca estava na corporação havia 14 anos. Casado, tinha dois filhos e um enteado. Seu colega de corporação, Cleiton Serafim Gonçalves, estava há 17 anos na PM. Ele deixa mulher e filha.

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Além dos dois PMs, durante a Operação Contenção também morreram os policiais civis Marcus Vinicius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, conhecido entre os amigos como Máskara, e Rodrigo Velloso Cabral, de 34, que estava na polícia havia apenas dois meses. Carvalho foi sepultado na quarta-feira no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Já o corpo de Cabral foi enterrado no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte da cidade.



Conteúdo Original

2025-10-30 08:21:00

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