STJ concede habeas corpus parcial ao ex-secretário da Polícia Civil do Rio Allan Turnowski

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) concedeu, na terça-feira, habeas corpus parcial ao ex-secretário da Polícia Civil do Rio Allan Turnowski. A decisão acontece pouco mais de um mês após desembargadores da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do


O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) concedeu, na terça-feira, habeas corpus parcial ao ex-secretário da Polícia Civil do Rio Allan Turnowski. A decisão acontece pouco mais de um mês após desembargadores da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do estado decretarem o retorno dele à prisão, em 8 de julho. Turnowski é réu por organização criminosa e acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho. Ele sempre negou as acusações.

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A prisão do ex-secretário aconteceu em 6 de maio deste ano por ordem da Segunda Turma do STF. Um mês depois, em 17 de junho, ele foi solto por decisão do Tribunal de Justiça do Rio. As idas e vindas ao sistema penitenciário acontecem desde setembro de 2022, quando ele foi alvo do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio.

De acordo com as investigações, Turnowski atuava como agente duplo em favor dos contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, assassinado em novembro de 2020.

O delegado já havia sido chefe de Polícia em 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral. Ele deixou o cargo durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento da Operação Guilhotina, no qual chegou a ser indiciado por violação de sigilo funcional, acusado de ter repassado informações a um policial que era alvo da ação. O caso foi arquivado por falta de provas. Turnowski sempre negou qualquer irregularidade. Na época, a PF prendeu 30 policiais civis e militares envolvidos com organizações criminosas.

Convencido de que as informações que ensejaram a operação Guilhotina partiram do delegado Cláudio Ferraz, então titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), Turnowski, antes de se exonerar, entregou um dossiê contra o colega na Corregedoria Interna da Polícia. De acordo com ele, um dos casos suspeitos na Draco, aberto para investigar desvio de licitação na Prefeitura de Rios das Ostras, em 2008, foi arquivado dois dias depois com a justificativa de falta de provas.

Antes de reassumir a secretaria de Polícia Civil, o delegado atuava no Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), pasta responsável por todas as delegacias da cidade do Rio. Ele retornou ao alto cargo da polícia em setembro de 2020, a convite de Cláudio Castro.

De acordo com as investigações do MP, ele teria sido indicado ao cargo após articulação do delegado Maurício Demétrio, hoje condenado por obstrução de Justiça. Segundo as investigações, a atuação de Demétrio para garantir a nomeação de Turnowski ficou evidente em transcrições de conversas obtidas pelos agentes. Ele teria pedido a políticos que apadrinhassem a indicação junto ao então governador em exercício, Cláudio Castro, que havia assumido no mês anterior.

Um dos diálogos obtidos pelos investigadores revela que o ex-chefe de polícia chegou a pedir ajuda a Demétrio em outra ocasião: “Guru, se ele me pegar, ele vai te pegar, Guru. Tem que me proteger por você! Tem que me proteger por você! Me esquece! Porra, tá maluco? Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!”. Ele responde: “Farei tudo o que estiver ao meu alcance”.

Durante sua gestão como secretário ocorreu a chacina do Jacarezinho, em maio de 2021, a segunda maior da história do Rio, que culminou na morte de 27 pessoas. Logo depois foi iniciado o projeto Cidade Integrada, de ocupação da comunidade na Zona Norte da cidade por forças do governo estadual, incluindo a polícia. O delegado definiu a ação como “um projeto grandioso, desafiador, que o governador Cláudio Castro confiou às suas polícias a responsabilidade de retomar o território e mantê-lo no domínio do Estado”.



Conteúdo Original

2025-08-13 19:49:00

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