‘Se é crime, não é liberdade de expressão’

Miá Mello é “viciada no caos” e naquilo que evoca sua potência máxima. A partir de agosto, estará nos palcos de quarta a domingo, com duas peças, entre São Paulo e outras cidades. No tempo que restar, além de estudar,


Miá Mello é “viciada no caos” e naquilo que evoca sua potência máxima. A partir de agosto, estará nos palcos de quarta a domingo, com duas peças, entre São Paulo e outras cidades. No tempo que restar, além de estudar, vai se dividir entre o muay thai, a terapia, e os filhos Nina, de 16 anos, e Antônio, de 7. Sobra energia? “As pessoas questionam se não fico cansada. Não! Gosto da loucura, da intensidade.” Os hiatos, diz, são desafiadores: “Sei que quem vive no ‘high’ é doente. Mas, secretamente, queria estar 100% no ‘high’”. Em quase 20 anos de carreira, só parou na pandemia. Entre os maiores trabalhos estão o filme “Meu passado me condena” (2012), com Fabio Porchat, a participação como repórter do reality “The voice” (2013), da TV Globo, e o monólogo “Mãe fora caixa” (2019).

Não por acaso, uma de suas grandes dificuldades é regularizar o sono. Na véspera da estreia do espetáculo “Mulheres em chamas”, no último dia 2 de julho, em SP, dormiu só três horas. “Tirei o celular do quarto e quase tive crise de abstinência. Hoje, durmo só com um relógio que monitora o sono”, afirma a atriz, de 44 anos. Seu “hiperfoco”, a menopausa, é o tema da história protagonizada por ela e as colegas Juliana Araripe e Camila Raffanti. “As pessoas faziam cara de nojo quando contava. E é algo inerente à mulher, precisamos falar mais”, defende a atriz. Tamanho comprometimento com o projeto é reconhecido pela diretora do espetáculo, Paula Cohen: “O processo de entrega da Miá é bonito, ela se joga de cabeça. É criativa e escuta muito a intuição”.

Para a atriz, a puberdade, fase em que está a filha, Nina, de 16 anos, é o ‘luto’ da infância, momento pouco respeitado. — Foto: Mari França

Em janeiro, Miá viveu uma possível chegada à perimenopausa. “Sou friorenta e, apesar do verão, faziam dias frios. Ligava o ventilador e, um dia, acordei com um suor pegajoso”, relembra. A cabeça, conta, ficou em “looping”. “Não existe um diagnóstico para saber em que fase você está. É preciso se conhecer para não correr o risco de se acomodar em um lugar de sofrimento.”

Em fase oposta está a filha Nina, fruto do primeiro casamento de Miá. Para a atriz, a puberdade é o “luto” da infância, momento pouco respeitado. Por isso, a relação de ambas é transparente. “Nossas conversas recentes foram sobre o vape. Fico atenta, ela disse que não fuma, mas me preocupa porque não tem cheiro”, explica. “Por sorte, Nina divide muitas coisas comigo, mas há limites também para o controle.”

O uso do celular, no entanto, soltou-se das rédeas. “Nina é superviciada. Quando tinha 10 anos, ganhou um celular, porque eu morava em São Paulo e o pai, no Rio. Era para facilitar a comunicação, mas foi um erro”, admite a atriz. Justamente por isso, não permite que Antônio, seu filho com o atual marido, o diretor de arte Lucas Melo, de 38 anos, tenha um. Se depender da mãe, o menino só será dono de um smartphone aos 18. Casada há 13 anos, ela e o marido têm personalidades diferentes, mas combinam no essencial. “A maneira como construímos nosso casamento, o que priorizamos, nos levam para um lugar comum”, diz Lucas. “Miá é ‘ame ou odeie’; ela se joga de cara, é intensa. Nossa casa pulsa na energia dela.” Monogâmica e “careta”, a atriz não pensa em “dividir” o marido com ninguém. “Até as nossas loucurinhas queremos fazer juntos”, brinca.

Casada há 13 anos, ela e o marido têm personalidades diferentes, mas combinam no essencial — Foto: Mari França
Casada há 13 anos, ela e o marido têm personalidades diferentes, mas combinam no essencial — Foto: Mari França

As agruras e benesses da maternidade voltam à cena também com o “Mãe fora da caixa”, em turnê pelo Brasil. A história acompanha as memórias de uma mãe às voltas com uma possível nova gravidez. “Surgiu em um momento de perrengue, em que eu e Lucas nos dividíamos entre Rio e São Paulo, e, com as crianças pequenas, não tínhamos rede de apoio. Não havia um minuto de tranquilidade. A arte me curou”, conta.

Ainda que tenha o sonho de fazer uma novela (“nunca aconteceu, acredita?”), Miá está sempre às voltas com a comédia. O caminho do riso é inevitável, mas com limites. “Se é crime, não é liberdade de expressão”, comenta, em referência ao caso do humorista Léo Lins, condenado a oito anos de prisão por propagar discursos discriminatórios. “Ele era genial, fazia piadas ‘cabeçudas’. Não sei o que aconteceu. Mas, se comete homofobia ou outro crime, precisa se punido”, finaliza.



Conteúdo Original

2025-07-20 05:00:00

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