O Novo Escritório do Crime, que é alvo de investigação do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), tem entre seus integrantes três policiais militares da ativa. O sargento Bruno Marques da Silva, o Bruno Estilo; o capitão Alessander Ribeiro Estrella Rosa, o Tenente Alessander; e o cabo Diogo Briggs Climaco das Chagas, o Briggs, foram denunciados por, de acordo com a apuração do MP, pertencerem ao grupo criminoso. Bruno Estilo está preso no Batalhão Especial da Prisional (BEP). O Tenente Alessander integra os quadros do 39º BPM (Belford Roxo) e Briggs está lotado no 9º BPM (Rocha Miranda). Os dois são considerados foragidos.
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O grupo, afirma o a denúncia do Gaeco, é chefiado pelo ex-PM Thiago Soares Andrade Silva, conhecido como Ganso, Batata e Soares. Ele está atualmente preso na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
O Gaeco chegou a esses nomes na investigação sobre dois homicídios com características de execução, praticados à luz do dia e com uso de armamento pesado. Um dos crimes é o assassinato de Fábio Romualdo Mendes, surpreendido dentro de seu carro e atingido por vários disparos, em setembro de 2021, em Vargem Pequena, Zona Oeste do Rio. Outra morte foi após emboscada em uma via pública, no bairro de Realengo, em 4 de outubro de 2021. Na ocasião, Neri Peres Júnior foi assassinado com tiros de fuzil.
O novo grupo criminoso atua sob as ordens de chefes da contravenção, de acordo com o MP. As investigações revelaram um esquema de venda de armas e munição apreendidas durante operações realizadas pela Polícia Militar. Ao todo foram identificados nove suspeitos, que foram denunciados à Justiça por organização criminosa armada, sequestro e comércio ilegal de armas e munição. Saiba quem os demais suspeitos:
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André Costa Bastos, o Boto, Redbull ou Red, está preso na Penitenciária Bandeira Estampa (Bangu 4), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
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Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza, o Rodriguinho. Ele está preso na Penitenciária Lemos Brito, (Bangu VI), no Complexo Penitenciário de Gericinó.
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Anderson de Oliveira Reis Viana, o Papa ou 2P, é considerado foragido.
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Diony Lancaster Fernandes do Nascimento, o Diony, está preso na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó.
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Vitor Francisco da Silva, o Vitinho Fuba, está foragido.
Ganso é apontado como mentor de morte
A denúncia do MP afirma que Ganso foi o mentor do assassinato de Fábio Romualdo. Segundo o documento, Papa e Rodriguinho, acionaram cúmplices e promoveram o monitoramento da vítima. Bruno Estilo, é apontado como a pessoa que forneceu material aos outros suspeitos. Ele também, segundo as investigações, teria participado do planejamento e da preparação do assassinato e teria se colocado à disposição para participar da execução.
A denúncia aponta que todos os envolvidos no crime foram pagos. Fábio Romualdo, afirma o MP, teria sido morto para eliminar um possível concorrente na disputa pelo domínio de território na Zona Oeste do Rio, onde atuam os integrantes do Novo Escritório do Crime.
A execução demonstrou a ousadia do grupo criminoso. Fábio Romualdo estava num lugar movimentado, com grande movimentação de veículos e pedestres, em frente a um posto de saúde. Ele se encontrava em seu carro, esperando que a esposa acabasse o atendimento médico.
Na denúncia consta ainda que os suspeitos conversavam pelo WhatsApp. Num diálogo entre Bruno Estilo e Rodriguinho, em agosto de 2021, os dois falam sobre um “trabalho” ou uma “missão” em “vargem”. Para os investigadores, eles se referiam ao assassinato de Fábio Romualdo.
Mensagens obtidas pelos agentes mostram ainda que Bruno e Rodriguinho se encontraram logo depois e que o PM esqueceu sua arma no carro do cúmplice, afirma o MP. “Cara, tua arma tá comigo. Tu deixou dentro do carro”, diz Rodriguinho. Nos dias 1º e 2 de setembro, os dois marcaram um novo encontro.
Por duas vezes a execução de Fábio Romualdo foi marcada, mas os planos dos assassinos acabaram sendo adiados, diz a denúncia. Numa delas, a vítima era esperada numa barbearia, mas ela acabou não indo ao local no dia, informam os investigadores. “Mano, estou me adiantando. Nem sinal do moleque lá. Se ligou? Nem sinal do moleque lá. Não apareceu no barbeiro. Amigo tá vindo embora já. Valeu”, escreveu Rodriguinho na ocasião.
Na denúncia é citado que Bruno Estilo demonstrava ansiedade para matar Fábio e que ele enviou uma foto de uma pistola Glock equipada com um kit rajada. De acordo com os investigadores, a arma é compatível com as características dos disparos feitos no dia da execução.
2025-05-16 09:54:00