Quem é o líder beduíno que comanda milícia contra o Hamas em Gaza

Além da guerra contra Israel, em estágio de cessar-fogo há uma semana, o grupo islamista Hamas enfrenta outros desafios na Faixa de Gaza. Forças do Hamas entraram em confronto com grupos armados rivais em diferentes partes de Gaza na terça-feira,


Além da guerra contra Israel, em estágio de cessar-fogo há uma semana, o grupo islamista Hamas enfrenta outros desafios na Faixa de Gaza. Forças do Hamas entraram em confronto com grupos armados rivais em diferentes partes de Gaza na terça-feira, com integrantes do grupo palestino conduzindo execuções públicas transmitidas nas redes sociais. Esses conflitos são fruto da disputa de poder pelo controle do enclave. Um desses grupos rivais, que se denomina Força Popular, é comandado por Yasser Abu Shabab.

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Abu Shabab, líder da milícia anti-Hamas mais proeminente na Faixa de Gaza, é um palestino beduíno da tribo Tarabin — povo nômade que habita as regiões desérticas do Oriente Médio e do Norte da África — de cerca de 34 anos. Seu grupo — que tem base em Rafah, na parte sul de Gaza, próximo à fronteira com Israel e o Egito — é um grupo beduíno concentrado na zona oriental da cidade e estima-se que sua força pessoal seja de cerca de 400 homens. O Hamas o acusa de colaborar com Israel, mas Abu Shabab nega.

Segundo o Conselho Europeu de Relações Exteriores e a CNN, Abu Shabab estava definhando em uma prisão administrada pelo Hamas, acusado de tráfico de drogas, antes de ser libertado após o início do conflito com Israel. Em novembro de 2024, sua tribo o rejeitou publicamente devido à sua colaboração com o governo israelense. Segundo a Reuters, a milícia comandada por ele recrutou centenas de combatentes oferecendo salários atraentes e alguns de seus membros dissidentes fundaram outros grupos armados no enclave.

Em junho deste ano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu que o país estava armando a milícia de Abu Shabab. A informação, revelada inicialmente pela imprensa internacional, foi confirmada por Netanyahu em um vídeo publicado nas redes sociais. Na ocasião, o premier afirmou que o apoio ao grupo era uma forma de ajudar os soldados israelenses.

O clã de Abu Shabab já travou confrontos mortais com o Hamas. Em novembro de 2024, forças do grupo islâmico atacaram o reduto do miliciano em Khan Younis, matando 20 pessoas, incluindo seu irmão. Na ocasião, Abu Shabab acusou o Hamas de “matar todos que viram pela frente”. Em maio deste ano, o Hamas divulgou um vídeo de uma segunda tentativa de assassinato contra Abu Shabab, chamando-o de “espião de Israel”.

Abu Shabab ganhou notoriedade durante a guerra ao assumir o controle de parte do bairro de Shouka, em Rafah. O Wall Street Journal relata que ele já havia sido acusado de saquear ajuda humanitária em caminhões que chegavam a Gaza. Em entrevista ao New York Times em novembro de 2024, o líder beduíno admitiu ter “assumido” a distribuição de mantimentos para famílias da região.

— Estamos tomando os caminhões para podermos comer, não para podermos vender — disse ele, afirmando que estava alimentando sua família e seus vizinhos e acusando o Hamas de ser o principal responsável pelo saque. — Toda pessoa faminta está recebendo ajuda.

Segundo motoristas de caminhão e donos de transportadoras locais ouvidos pelo Times na época, o grupo de Abu Shabab operava um esquema organizado de interceptação de cargas. Caminhões com sacos de farinha e outros insumos foram desviados por homens armados que se identificavam como ligados ao clã.



Conteúdo Original

2025-10-18 00:01:00

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