Polícia prende três e apreende máquina usada por ladrões de cobre para extrair metal de cabos furtados

Segundo as investigações, a aparelhagem usada pelos criminosos impulsionou a produção clandestina e gerou um lucro de mais de R$ 140 mil por mês. Isso justifica o investimento de cerca de R$ 60 mil para a compra do maquinário.

— A produção diária chegava a 120kg de cobre granulado. Considerando que o valor do metal no mercado informal é de aproximadamente R$ 40, eles faturavam R$ 4.800 por dia. Antes, eles queimavam os fios para extrair o cobre — afirma o delegado Daniel Rosa, ao elucidar a profissionalização da atividade.

No interior do galpão, além do cobre já processado, foi encontrada uma vasta quantidade de material em diferentes fases do processo de descaracterização para reuso. O espaço não possuía qualquer tipo de autorização para funcionamento ou nota fiscal do material apreendido, informaram os policiais.

Presos em flagrante, Fernando Alves de Souza, André Lucas dos Santos e Geraldo Manoel da Silva disseram que estavam apenas a serviço de um proprietário, que não compareceu à delegacia, mesmo após ser notificado. Sem antecedentes criminais, eles foram autuados por receptação qualificada.

Os fios chegavam com revestimento, eram cortados, descascados e passavam por uma máquina especializada, usada para granular o cobre, detalharam os agentes. O produto final era armazenado em sacos para revenda.

Técnicos do setor de energia eram captados para furtar fios de subestações do Rio

Há duas semanas, a segunda fase da Operação Caminhos do Cobre, segundo a Polícia Civil, expôs um esquema criminoso “extremamente organizado” entre empresários e traficantes do Comando Vermelho. Investigações feitas pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) comprovam que pessoas com habilidades técnicas no segmento de energia eram captadas para o trabalho de retirada de fios de subestações de energia, de redes subterrâneas de telecomunicação e de torres de transmissão elétrica no Rio. Na ocasião, sete pessoas foram presas — duas em flagrante.

Segundo as investigações, os empresários tinham permissão de traficantes do Comando Vermelho para levar o material furtado a recicladoras dentro de comunidades, como o Fallet-Fogueteiro, no Rio Comprido, onde duas foram alvo de mandados de busca e apreensão. O lucro com a venda dos fios era dividido com a organização criminosa, que chegava a ter 50% de retorno.

Ao todo, 15 pessoas responsáveis pelo furto foram identificadas no trabalho investigativo que começou em novembro do ano passado. Como explica o delegado Jefferson Ferreira, titular da DRF, elas forjavam uniformes e crachás de empresas do ramo para transmitir legalidade ao crime, além de apresentarem alvarás falsificados que as permitiam acessar as subestações.