A Polícia Judiciária (PJ) prendeu João Paulo Silva Oliveira, de 56 anos, que publicou vídeo onde oferece € 500 (R$ 3,1 mil) por cada “cabeça de brasileiro”, como mostrou o Portugal Giro.
A oferta de recompensa revoltou a maior comunidade estrangeira em Portugal, com cerca de 550 mil pessoas.
A PJ informou que o português foi “fortemente indiciado por ter difundido nas redes sociais um vídeo no qual incita à violência contra grupo de pessoas de determinada nacionalidade”.
“Cada português que trouxer a cabeça de um brasileiro, desses zukas que vivem aqui em Portugal, estejam legais ou ilegais, cada cabeça que trouxer eu pago € 500”, disse ele no vídeo.
O inquérito está com o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Santa Maria da Feira, região de Aveiro, onde vive o português.
Segundo a PJ informou em comunicado, o vídeo oferecendo € 500 atenta “de forma bárbara contra a vida de determinados cidadãos estrangeiros”, escreveu o órgão de segurança, continuando:
“Afetando gravemente o sentimento de tranquilidade e de segurança na comunidade que, movidos por crescente onda de indignação e repulsa, replicaram denúncias junto das autoridades”.
Segundo a PJ, o vídeo já estava sendo investigado quando “viralizou e mobilizou a opinião pública “provocando forte alarme social”, gerando denúncias.
“O detido, com antecedentes policiais por crimes contra o patrimônio, vai ser apresentado à autoridade judiciária competente para interrogatório e aplicação das medidas de coação”, finalizou a PJ.
Relembre a reação dos brasileiros
Fundadora da Associação de Apoio a Emigrantes, Imigrantes e Famílias (AAEIF), Sônia Gomes informou que vai formalizar queixa. Brasileiros cobram investigação do Ministério Público.
— Mexer com brasileiro? Ele está ficando doido? Aqui, não. Zero tolerância — disse ela.
Juliet Cristino, do Comitê dos Imigrantes de Portugal (CIP), defendeu que haja uma investigação sobre o caso.
— Quem não se revolta? A polícia precisa fazer algo, porque é crime e discriminação. Aumenta a violência e depois vão culpar os imigrantes — afirmou Juliet.
Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil de Lisboa, publicou em seu perfil no Instagram que o vídeo é a “expressão mais perversa, violenta e criminosa do discurso anti-imigração, do racismo e da xenofobia”:
Reações como as das ativistas se multiplicaram e a padaria onde o português trabalhava anunciou que teria demitido o funcionário xenófobo.
“Queremos deixar claro que a pessoa envolvida nos vídeos já não faz parte da nossa equipe. Não aceitamos nem compactuamos com qualquer forma de racismo”, informou a empresa.
2025-09-09 13:53:00