A Polícia Civil cumpriu, na manhã desta quarta-feira (20), 66 ordens judiciais em uma operação interestadual contra o chamado “golpe do falso advogado”. A ação resultou em 11 prisões.
De acordo com as investigações, criminosos usavam dados públicos ou obtidos de forma ilegal para se passarem por advogados e abordarem pessoas com processos em andamento. Eles diziam que a liberação de valores indenizatórios dependia do pagamento de taxas ao escritórios.
A apuração começou há seis meses, após a polícia de Santa Catarina identificar o aumento de casos em Joinville. Ao reunir ocorrências em um único inquérito, os investigadores constataram que o mesmo golpe era aplicado em outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.
Além das prisões, a operação determinou buscas, apreensões e bloqueios bancários que somam cerca de R$ 5 milhões. Com o material coletado, a Polícia Civil pretende iniciar uma segunda fase da investigação. Ainda não há estimativa do número de vítimas.
Segundo o delegado Vinicius Ferreira, da Delegacia de Joinville, foram cumpridos cinco mandados de prisão em São Paulo, dois no Ceará, três no Rio de Janeiro e um no Rio Grande do Norte. Outras três pessoas estão foragidas.
As investigações também apuram vínculos do esquema com facções criminosas. O delegado regional de Joinville, Rafaello Rossi, afirmou que foram identificadas conversas dos suspeitos com integrantes de organizações criminosas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
— Vamos confirmar agora se era uma relação pontual ou se havia participação ativa — disse Rossi.
O vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Joinville, Guilherme Aquino Reusing Pereira, acompanhou a coletiva de imprensa. Foi a OAB de Joinville que optou por apresentar à polícia um volume expressivo de denúncias que motivou a abertura do inquérito.
Segundo o advogado, clientes seus também foram vítimas. Em um dos casos, uma mulher perdeu R$ 20 mil. Aquino mostrou ainda dezenas de números usados por golpistas para se passar por ele. Para ele, o total de ocorrências pode ultrapassar milhares.
Apenas em São Paulo, a polícia recebeu 3.500 denúncias desde outubro de 2023. Há registros do golpe desde 2021.
Aquino também pontuou que o golpe era realizado principalmente na sexta-feira fora do horário comercial e aos finais de semana, em uma tentativa dos criminosos de burlar sistemas de segurança das agências e bancos.
Delegados envolvidos no caso alertam para falsas promessas de ganhos rápidos, sobretudo quando o contato parte dos golpistas. Segundo eles, a dificuldade de identificar o crime está no uso de dados verdadeiros das vítimas. Por isso, recomendam contato frequente com o advogado responsável pelo processo.
2025-08-20 13:20:00
