- Ruy Ferraz Fontes: ex-delegado geral da Polícia Civil de SP morto a tiros já havia escapado de ataques e assaltos
- Do pioneirismo contra o PCC a desafetos na polícia: carreira de Ruy Fontes reconta a história do crime em SP
Neste segundo local, a polícia coletou impressões digitais que estão sendo analisadas, de acordo com o G1.
No primeiro endereço investigado, na Rua Campos de Jordão, no bairro Jardim Imperador, em Praia Grande, policiais encontraram cerca de 41 materiais genéticos, analisaram câmeras de segurança e conversaram com vizinhos.
A suspeita é de que o grupo criminoso ficou alguns dias no local enquanto arquitetava a emboscada contra Fontes. A investigação chegou ao endereço após o depoimento de Dahesly Oliveira Pires. Primeira a ser presa no caso, Dahesly supostamente teria ido até o endereço para buscar um dos fuzis usados no crime. Ela teria recebido cerca de R$ 1.500 para realizar a tarefa e parte desse valor foi usada para quitar uma dívida de um namorado, disse à polícia.
O proprietário da primeira casa, Willian Silva Marques, entregou-se à polícia na madrugada deste domingo, após ter a prisão decretada. Ele compareceu ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na capital paulista, acompanhado do seu advogado. Ele também é irmão de um policial militar, que já foi ouvido e liberado.
Até agora, quatro pessoas foram presas nas investigações. Além de Dahesly e Marques, a polícia prendeu Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como “Fofão”, que teria ajudado na fuga dos executores. Esses três são suspeitos de participar da logística do crime.
O único preso suspeito de ter participado diretamente da execução é Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como “Jaguar”. Ele apresentou-se à polícia acompanhado do seu advogado na madrugada de sábado, 20. A defesa afirma, de acordo com o G1, que apesar de ele ter se envolvido com o crime organizado no passado, Simões estava “ressocializado” e que buscava a filha na escola no momento do assassinato. A reportagem tenta contato com a defesa dos outros presos.
Seguem foragidos Felipe Avelino da Silva, conhecido como “Mascherano”, Flávio Henrique Ferreira de Souza e Luiz Antônio Rodrigues de Miranda. A suspeita é que Mascherano e Miranda teriam participado diretamente da ação que matou o ex-delegado-geral.
“Mascherano”, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública, seria ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e já foi condenado e preso por tráfico de drogas, roubo qualificado e corrupção de menores. Flávio não tem antecedentes criminais.
Ainda que não reste dúvida sobre o envolvimento de faccionados no crime, a polícia ainda apura se o crime teria sido motivado pelo histórico de atuação do delegado contra o PCC ou por seu trabalho mais recente na prefeitura da cidade.
O que se sabe sobre o ataque
O ex-delegado-geral Ruy foi executado depois de sair do trabalho na prefeitura de Praia Grande. Ele foi perseguido enquanto dirigia, perdeu o controle do veículo, bateu em um ônibus e capotou. Na sequência, homens desceram de outro carro e atiraram contra o automóvel.
O ataque ocorreu na Avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Caiçara, por volta das 18h20, segundo a Polícia Militar. Ao menos seis criminosos participaram diretamente da ação, conforme imagens de câmeras de segurança.
Delegado de polícia por mais de 40 anos, ele iniciou a carreira como titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí. Depois, trabalhou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde atuou em investigações contra o crime organizado e se tornou um desafeto de Marcola, líder do PCC.
Fontes assumiu a função de delegado-geral da Polícia Civil entre 2019 e 2022, nomeado pelo ex-governador João Doria. Após deixar o cargo, passou a trabalhar na prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo, como secretário de Administração. Ele não tinha escolta desde que deixou o posto na Polícia Civil. Em entrevista exclusiva ao Globo e à rádio CBN, três semanas antes da morte, o delegado reclamou dessa condição.
Os sete suspeitos apontados até o momento são:
- Felipe Avelino da Silva, 33 anos, o “Mascherano” — digitais encontradas na cena do crime
- Flávio Henrique Ferreira de Souza, 24 anos — digitais encontradas na cena do crime
- Dahesly Oliveira Pires, 25 anos — teria transportado um dos fuzis (presa)
- Luiz Henrique Santos Batista, o “Fofão” — teria auxiliado na fuga (preso)
- Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, o “Grão” — teria ordenado a uma mulher buscar um fuzil
- Rafael Marcell Dias Simões, o “Jaguar” — entregou-se à polícia em São Vicente (preso)
- Willian Silva Marques, 36 anos — dono do imóvel que teria sido usado pela quadrilha (preso)
2025-09-22 11:00:00