Polícia de SP prende 10º suspeito, que seria integrante do PCC

A Polícia Civil de São Paulo prendeu mais um suspeito de envolvimento na morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, na Praia Grande, em setembro. É o décimo detido desde o assassinato, e foi localizado na Zona Sul da capital paulista.


A Polícia Civil de São Paulo prendeu mais um suspeito de envolvimento na morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, na Praia Grande, em setembro. É o décimo detido desde o assassinato, e foi localizado na Zona Sul da capital paulista.

O homem é Marcos Augusto Rodrigues Cardoso, de 36 anos de idade, de apelido “Penépole”. Ele foi preso no bairro do Grajaú e, segundo a Secretaria de Segurança Pública, estava com uma pistola calibre 380 e estaria envolvido na parte logística do crime.

Autoridades ligadas à investigação afirmam que Marcos é membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e atuaria como “disciplina” na região do Grajaú. Na hierarquia da facção, o posto de “disciplina” é o responsável por fiscalizar e aplicar punições contra membros que desrespeitem o código de conduta do grupo criminoso.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Cardoso tem antecedentes criminais por receptação, porte ilegal de arma de fogo e furto.

Ele não é o primeiro preso pelas autoridades a ter ligações abertas com a facção. No início de outubro a investigação prendeu Felipe Avelino da Silva, o “Mascherano”, acusado de comandar o PCC no ABC Paulista.

Outros detidos foram suspeitos de atuarem no fornecimento dos fuzis usados para a execução na cidade de Praia Grande, homens que teriam sido os atiradores e proprietários de imóveis que foram usados como ponto de apoio e para o planejamento do crime.

A motivação para o crime ainda é um enigma. As autoridades ainda tentam entender se a morte foi encomendada pela atuação de Fontes contra o PCC durante sua gestão como delegado-geral, ou se pelo seu trabalho recente como secretário de Administração em Praia Grande.

O ex-delegado-delegado foi executado a tiros enquanto dirigia um carro em Praia Grande. Imagens do crime mostram seu carro sendo perseguido e colidindo com um ônibus. Na sequência, homens descem de outro veículo e atiram contra o automóvel da vítima. O ataque ocorreu na avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Caiçara, por volta das 18h20, segundo a Polícia Militar.

No dia 25 de agosto, ao GLOBO, ele disse que estava “sozinho” na cidade da Baixada Santista, e não contava com nenhuma proteção do Estado. Aos 64 anos, estava aposentado da Polícia Civil e atuava como secretário de Administração de Praia Grande desde janeiro de 2023. Na conversa, demonstrou preocupação com o fato de viver na Baixada Santista, região conhecida como um dos fortes redutos do Primeiro Comando da Capital (PCC).

— Eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles. Pra mim é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, eu tava pouco me importando, teria estrutura para me defender, hoje não tenho estrutura nenhuma — afirmou.

Apesar de se mostrar apreensivo, afirmou que, nos mais de 40 anos de Polícia Civil, nunca recebeu ameaças do crime organizado.

— Teve uma conversa só meio atrapalhada com o Marcola, mas nunca teve um desenrolar negativo. No mundo do crime, existe uma ética. E essa ética é cobrada, de uma forma geral. Em que momento nós instruímos um inquérito policial e inventamos alguma prova contra eles? Nunca. Se tinha provas, a gente relacionava e depois ia depor em juízo. A gente não inventou provas. Se ele é criminoso e pratica crime, eu sou da polícia e investigo. Então não gera um descompasso pessoal em relação a quem investiga — detalhou.

Fontes foi o delegado responsável por revelar a organização, a estrutura hierárquica e a dimensão do PCC pouco tempo depois que a facção surgiu nos presídios paulistas. É dele também os inquéritos policiais que resultaram nas principais condenações de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da organização criminosa.

Ele foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022. Comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) e Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).



Conteúdo Original

2025-11-03 20:53:00

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