A investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes sobre o rapper Oruam, iniciada na última terça-feira, tem 30 dias para ser concluída. Até o momento, os agentes apontam responsabilidade do músico por desacato, ameaça, dano ao patrimônio público e resistência, e reúnem provas que o associem à facção Comando Vermelho, chefiada, como pontuam, pelo pai do cantor, o Marcinho VP. Dessa forma, o relatório final em produção reúne cinco crimes, que, somados, podem chegar à pena de 18 anos e seis meses de prisão.
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A expectativa dos policiais, no entanto, é de que Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, de 23 anos, fique preso por seis ou oito anos, já que ele é réu primário.
— A gente classifica o Oruam como “tecnicamente primário”. Ele nunca foi condenado por crime, mas tem registros em delegacias e já assinou um termo circunstanciado. Então, a decisão da pena fica a cargo da interpretação que o juiz fará considerando que ele tem maus antecedentes — explica Paulo Saback, delegado na DRE.
Esses antecedentes dizem respeito a duas situações que aconteceram em fevereiro deste ano. A primeira, do dia 20, foi feita pela PM após o cantor dar uma manobra “cavalo-de-pau” em frente a uma blitz. Ele foi levado para a 16ª DP (Barra da Tijuca) e liberado após pagar fiança de R$ 60 mil. A segunda, seis dias depois, foi um flagrante em casa. Policiais da DRE foram ao local cumprir mandado de busca e apreensão e encontraram na residência um rapaz com pedido de prisão em aberto. Oruam foi autuado por favorecimento pessoal (quando se dá proteção a um foragido da Justiça), mas foi solto após assinar um termo circunstanciado.
Polícia vai à casa de Oruam e cantor e amigos reagem jogando pedras
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Saback destaca que as provas para incriminar o rapper por associação ao tráfico foram produzidas pelo próprio cantor. A exemplo, o delegado citou o vídeo publicado por Oruam após a confusão de terça-feira. No registro, ele incita agentes a lhe encontrarem na Penha, comunidade com regiões controladas pelo Comando Vermelho e consideradas o “QG” da facção.
“Eu quero ver vocês virem aqui, pô, me pegar dentro do Complexo (da Penha). Não vão me pegar, sabe por quê? Porque aqui vocês peidam, pô. […] Eu sou filho do Marcinho, sim”, disse aos berros no vídeo.
Além disso, as prisões em flagrante de pessoas ligadas à facção dentro da casa de Oruam também vão embasar a ligação dele, assim como uma foto recente dele com o Edgar Alves de Andrade, atual chefe do Comando Vermelho na Penha.
Procurada, a defesa de Oruam ainda não se pronunciou sobre a prisão do cantor.
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Rapper se entregou à polícia

Oruam diz que vai se entregar à polícia ‘Estava muito nervoso’
Os agentes chegaram à casa de Oruam no final da noite dessa segunda-feira para apreender um adolescente infrator, de 17 anos. Conhecido como Menor Piu, o rapaz estava com um mandado de busca e apreensão em aberto. Ele aparece em investigações recentes da DRE e havia saído do sistema socioeducativo no final de maio, após ficar seis meses em regime fechado.
Os policiais contam que esperaram o adolescente sair da casa do rapper para fazer a abordagem na rua. No entanto, os demais garotos que estavam na companhia dele teriam reagido aos agentes com xingamentos, o que incitou uma confusão.
Os policiais apreenderam o cordão de ouro de Piu e seu celular, além de o terem colocado na viatura. No entanto, os rapazes, incluindo Oruam, começaram a jogar pedras no veículo, o que favoreceu a fuga do adolescente.
Na ocasião, um dos amigos do rapper foi preso por desacato e resistência. Pablo Ricardo de Paula Silva de Moraes foi autuado em flagrante e levado para Benfica.
Durante o final da tarde de terça-feira, após pedido de prisão da Justiça, Oruam se entregou na Polinter. O mesmo foi feito por Piu, que foi, junto à mãe, à 26ª DP (Todos os Santos).
2025-07-23 16:56:00