Após a megaoperação na Penha em 28 de outubro, equipes do Ministério Público do Rio (MPRJ) têm colhido depoimentos de policiais e cumprido determinações do Supremo Tribunal Federal (STF) pré-definidas na ADPF 635. Na última segunda-feira, por exemplo, o delegado Moysés Santana Gomes, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) — responsável pela investigação que culminou na operação —, deu detalhes de como foi elaborado o planejamento. Segundo ele, houve dificuldades para a determinação de uma data devido a questões climáticas, vazamentos de informações e movimentação de traficantes na região.
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Em um dos casos narrados por ele, há a informação de que criminosos se anteciparam a uma possível investida da polícia, construindo um muro em um dos acessos à comunidade Fazendinha para impedir a entrada dos agentes.
“Chegamos a um planejamento, acabou que a data foi adiada algumas vezes por questões climáticas, alguns outros motivos nos fizeram mudar, a própria movimentação dos traficantes, na ocasião verificamos que tinha um planejamento pronto para fazer uma entrada pela Fazendinha, ali no Complexo do Alemão, e um dia antes da operação, eles levantaram um muro”, afirmou o delegado.
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A transcrição da declaração de Santana foi enviada ontem ao STF, junto a outros documentos sobre a atuação do MP envolvendo a megaoperação. O envio atende a uma determinação feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF — que também cobrou informações do governo do estado, do Tribunal de Justiça do Rio e da Defensoria Pública.
Outra informação disponível no documento produzido pelo MPRJ diz respeito ao uso de câmeras corporais por policiais. Menos da metade dos integrantes de unidades de elite das polícias Militar e Civil que participaram da megaoperação estava usando os equipamentos.
No Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), havia 77 equipamentos para os cerca de 215 militares. No caso da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), subiram as favelas 128 agentes, mas apenas 57 usavam o equipamento. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), todos os policiais do Rio têm de usar câmeras no uniforme durante as operações.
No caso da Core, o delegado Fabrício Oliveira, responsável pela coordenadoria, explica que há disponibilidade de 100 câmeras para a equipe — o que já seria insuficiente dado o número de policiais convocados —, mas houve um problema na liberação dos equipamentos, feita por chave de acesso individual de cada agente.
“A gente teve 57 policiais com câmeras, e 32 a própria empresa disse que, no dia, estavam indisponíveis por um problema deles, da empresa”, afirmou o coordenador no depoimento. Segundo ele, a empresa foi chamada para verificar o sistema e um laudo foi produzido apontando o problema.
2025-11-13 05:03:00



