A Polícia Civil do Rio faz, nesta terça-feira, uma operação que mira o braço financeiro do Comando Vermelho (CV) e visa a desarticular um esquema de lavagem de dinheiro em larga escala comandado por Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, e Carlos da Costa Neves, o “Gardenal”. São cumpridos mandados de busca e apreensão e a ação inclui ainda bloqueio de contas pessoais e empresariais, sequestro de bens móveis e imóveis e o pedido de bloqueio de R$ 600 milhões — valor correspondente à movimentação financeira suspeita identificada em cerca de dois anos. A ação é no âmbito da Operação Contenção.
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Além dos bloqueios bancários, houve o sequestro de bens móveis e imóveis, inclusive uma propriedade rural em Pontes e Lacerda, em Mato Grosso, incompatível com a renda declarada. De acordo com a Polícia Civil, a cidade é um dos principais pontos de concentração financeira e funcionava como base para recebimento e movimentação de valores ilícitos, distante dos locais de maior visibilidade do tráfico, justamente para reduzir a exposição dos líderes criminosos. Além do município mato-grossense, as equipes se encontram na capital carioca; em municípios da Baixada Fluminense; em Silva Jardim, no interior do Rio; e em Juiz de Fora, em Minas Gerais.
As apurações da Polícia Civil apontaram que Doca, um dos chefes do Comando Vermelho, e Gardenal, seu principal operador, estruturaram o esquema de lavagem de dinheiro utilizando terceiros e empresas para dissimular a origem criminosa dos recursos. No centro desse esquema foi identificado o responsável por receber, concentrar e movimentar grandes volumes de dinheiro, tanto em contas bancárias pessoais quanto em contas de empresas sob seu controle, conforme demonstrado por Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs).
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A investigação, que contou com o apoio do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), reforçou que o funcionamento do CV não se sustenta apenas com a venda de drogas, mas principalmente graças a um sistema de lavagem de dinheiro, responsável por receber, ocultar, movimentar e reinserir valores ilícitos no sistema financeiro. O esquema se valia de mulas financeiras: pessoas ligadas ao tráfico de drogas, à extorsão de moradores e à exploração de serviços ilegais eram usadas para realizar depósitos em dinheiro vivo.
Os depósitos eram feitos em valores elevados, realizados em diferentes agências bancárias e muitas vezes no mesmo dia, por pessoas distintas. Esse padrão tinha como objetivo dificultar o rastreamento da origem ilícita dos valores. De acordo com a polícia, as movimentações financeiras identificadas são completamente incompatíveis com a renda declarada dos donos das contas, o que, apontam os investigadores, aponta que elas funcionavam como verdadeiras caixas centrais da facção.
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Participam da ação policiais civis da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE), com o apoio de agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Foram mobilizadas ainda equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), de unidades do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Polícia Civil mineira e mato-grossense.
A Operação Contenção é uma série de ações do Governo do Rio para conter e atacar o avanço territorial do Comando Vermelho. De acordo com as autoridades de segurança, o principal objetivo é desarticular a estrutura financeira, logística e operacional da organização criminosa, além de prender traficantes. Até o momento, mais de 250 suspeitos foram presos capturados e outros 136 criminosos morreram em confronto. Foram apreendidas cerca de 460 armas, sendo 189 fuzis.
2025-12-16 09:32:00



