A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga o caso de um policial militar filmado disparando uma arma de fogo contra um homem ajoelhado e com as mãos imobilizadas em Bom Jesus. O caso aconteceu no dia 4 de março e já havia sido encerrado pelas autoridades quando a gravação do momento chegou ao Ministério Público em junho. Um novo inquérito foi, então, instaurado.
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Em nota, a Polícia Civil explica que o primeiro inquérito foi remetido à Justiça de Bom Jesus dentro do prazo legal. Nos depoimentos, quatro policiais militares e uma testemunha relataram que Geovane Matias Maciel, de 19 anos, resistiu à prisão e atacou um dos agentes com uma faca. Veja abaixo trechos da gravação obtidos pelo jornal Zero Hora:
O vídeo enviado ao MP, no entanto, mostra que Geovane Maciel já estava algemado e detido no momento em que o primeiro dos dois disparos foi efetuado. Ainda segundo a nota, os policiais envolvidos foram afastados das funções na Organização Policial Militar (OPM) de Bom Jesus.
“Diversas diligências já foram realizadas na nova Investigação e outras estão em curso. O vídeo crucial para a investigação foi encaminhado ao Departamento de Criminalística para perícia, assim como as armas utilizadas pelos policiais e projéteis extraídos no exame de necropsia”, disse a Polícia Civil.
Geovane Maciel era alvo de um mandado de prisão preventiva por violência contra a ex-companheira. Ele é suspeito de incendiar a casa da mulher e do vizinho dela dois dias antes de morrer. Nesse intervalo, ele teria também furtado uma motocicleta e uma propriedade rural. Na adolescência, Maciel foi investigado por ameaças, furtos e roubos, incluindo um latrocínio.
Procurada, a defesa do PM visto na gravação efetuando o disparo disse que “está contribuindo para com a investigação e que a prova coletada deve trazer a íntegra do ocorrido”. O advogado Fábio Silveira afirma que a defesa somente irá se manifestar nos autos do inquérito.
Já os advogados dos outros agentes que aparecem no vídeo afirmam que a gravação “retrata apenas o desfecho de uma ocorrência policial complexa, que se estendeu por cinco dias e envolveu a prática de diversos crimes. Trata-se de um recorte isolado de prova que, embora impactante, não revela a integralidade dos fatos ocorridos”.
“Importa destacar que os três policiais representados por esta defesa não efetuaram qualquer disparo durante a ação. Foram surpreendidos pela dinâmica do momento, conforme se verifica pelo posicionamento divergente de cada um, com atenção voltada a outros aspectos da ocorrência, sem possibilidade de prever, impedir ou influenciar a conduta individual de outro agente”, diz ainda a nota assinada pelos advogados Maurício Custódio e Ivandro Bitencourt Feijó.
2025-07-08 17:52:00