A Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou investigação sobre o desabamento de uma obra na Rua Ramon Franco, número 98, na Urca, ocorrido na tarde desta terça-feira. A estrutura, que passava por reformas para se transformar em um restaurante, desmoronou por volta de meio-dia, deixando três trabalhadores feridos — um deles em estado grave.
De acordo com o delegado Maurício Luciano, titular da 10ª DP (Botafogo), a obra não tinha autorização da prefeitura e os operários atuavam sem Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O caso foi registrado como crime de desabamento, previsto no artigo 256 do Código Penal, com pena de um a quatro anos de prisão, além de multa. A lesão corporal grave sofrida por uma das vítimas também será investigada.
— Já apuramos que essa obra não era autorizada e que os trabalhadores não tinham EPI. Vamos investigar quem autorizou, quem assinou a responsabilidade técnica e quem é o proprietário do imóvel. Um dos operários está em estado grave, possivelmente terá uma perna amputada. Isso mostra a gravidade da conduta imperita e irresponsável de quem executou essa obra — afirmou o delegado.
Segundo a Polícia Civil, o dono do imóvel já foi identificado. Os investigadores tentam apurar se ele estava no local no momento do desabamento e fugiu após o acidente.
A perícia está sendo realizada por agentes do DCCE (Departamento de Polícia Técnica), e a Rua Ramon Franco — que tem apenas um sentido — foi novamente interditada para os trabalhos. Um caminhão da Secretaria Municipal de Conservação também foi deslocado para o ponto e faz a remoção dos escombros.
As vítimas foram levadas para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Foram identificados Josué Silva, de 54 anos, e Vitor A. Nascimento, de 48, ambos em estado estável, com classificação amarela. A terceira vítima, ainda sem identificação formal, está em estado grave, com classificação vermelha.
A polícia já identificou também o engenheiro responsável pela obra, Heleno Madureira, por meio de uma placa fixada no local. Ele será intimado ainda nesta semana. Imagens de segurança da região estão sendo recolhidas para auxiliar nas investigações.
— Vamos ouvir os responsáveis técnicos, testemunhas e solicitar todas as autorizações que eventualmente deveriam ter sido emitidas. A perícia da estrutura vai nos ajudar a determinar a causa exata do colapso — disse o delegado.
A suspeita inicial é de que a estrutura, originalmente uma clínica de estética, tenha sido sobrecarregada por materiais mal distribuídos ou mal calculados, o que provocou o colapso.
— Tudo indica que houve um acréscimo de peso mal calculado sobre a estrutura original do imóvel, o que acabou precipitando o desabamento. Somado à ventania registrada hoje, pode ter sido o gatilho para a queda — completou Luciano.
A decisão sobre a interdição definitiva do imóvel caberá à prefeitura. A Defesa Civil e a Secretaria de Conservação atuam no local desde o início da tarde.
2025-06-24 16:11:00