Policiais cumprem nesta sexta-feira 16 mandados de busca na Argentina para coletar provas no âmbito de uma investigação sobre um suposto caso de corrupção na Agência Nacional de Incapacidade — que atua em temas voltados a pessoas com deficiência física — no qual a irmã do presidente Javier Milei, Karina Milei, é citada. A informação foi confirmada por fontes judiciais a AFP.
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A investigação foi iniciada após virem à tona áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da agência, destituído do cargo na quinta-feira, nos quais fez alusão a subornos e menciona Karina, atualmente secretária da Presidência, entre outros altos funcionários. A veracidade dos áudios ainda não foi comprovada pela justiça, embora fontes ligadas ao caso tenham afirmado, sob anonimato, que até o momento eles não foram desmentidos.
Nos áudios, são relatadas supostas solicitações de subornos, envolvendo Karina e o subsecretário de Gestão, Eduardo Menem.
— Eles estão roubando, você pode fingir que não vê, mas não joguem esse fardo pra mim. Tenho todos os WhatsApps da Karina — diz a voz atribuída a Spagnuolo no áudio que veio a público.
A denúncia foi apresentada pelo advogado Gregorio Dalbón e ocorre no momento em que o Congresso derrubou um veto de Milei a uma lei que declara estado de emergência na área da Deficiência e destina mais recursos ao setor — um golpe político para o presidente e sua famosa “motosserra”.
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O caso também coincide com a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 26 de outubro, nas quais será avaliado o apoio à gestão do presidente ultraliberal.
Os mandados de buscas incluíram endereços como uma drogaria de grande porte, cujo proprietário teve 266 mil dólares apreendidos. O efetivo estava dividido em envelopes, segundo o jornal La Nación. Nos áudios, essa drogaria — uma das principais fornecedoras de medicamentos para a agência — é citada como uma das farmacêuticas que supostamente pagavam os subornos.
Também foram apreendidos telefones celulares, computadores, documentos sobre compras e licitações de medicamentos e outros dispositivos eletrônicos, que serão analisados pelo Ministério Público, responsável pela investigação liderada pelo juiz federal Sebastián Casanello.
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A Justiça ainda não ordenou nenhuma prisão nem foram divulgadas acusações formais, em razão do segredo de justiça.
Segundo a denúncia publicada pela imprensa, os áudios indicam que Karina Milei e Menem “teriam participado de um esquema de recebimento e pagamento de propinas relacionadas à compra e fornecimento de medicamentos, com impacto direto nos cofres públicos”, o que, se confirmado, configura crimes de corrupção, administração fraudulenta e associação criminosa, entre outros.
O governo tem se mantido em silêncio em relação ao caso.
2025-08-22 16:55:00