Planos de Kast para início de mandato terão foco em crime, imigração e ajustes fiscais, sob pressão por resultados rápidos

José Antonio Kast, eleito presidente do Chile neste domingo, tomará posse em 11 de março com enormes expectativas de cumprir rapidamente sua promessa de erradicar o crime e expulsar os imigrantes irregulares. O líder do Partido Republicano, que venceu o


José Antonio Kast, eleito presidente do Chile neste domingo, tomará posse em 11 de março com enormes expectativas de cumprir rapidamente sua promessa de erradicar o crime e expulsar os imigrantes irregulares. O líder do Partido Republicano, que venceu o segundo turno das eleições contra a esquerdista Jeannette Jara, liderará o que ele chama de “governo de emergência”, com foco em segurança, mas também atento à dívida pública do país.

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A partir desta segunda-feira, a equipe de Kast inicia a transição a partir de seu quartel-general em Las Condes, onde prepara o “Plano Desafio 90”, com medidas para os três primeiros meses de governo. O plano, segundo a imprensa local, baseia-se em quatro pilares: projetos de lei, ajustes administrativos, segurança jurídica e austeridade fiscal. Os focos principais são as áreas de segurança e imigração, além da economia.

Além disso, um comitê político deve ser criado em breve com os partidos de direita e centro que o apoiaram no segundo turno para firmar um acordo e coordenar o início de seu governo. A definição do peso de cada legenda, segundo análise do El País, será um teste inicial da capacidade de negociação e liderança do Partido Republicano, que chegou ao poder pela primeira vez com a sua eleição.

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Diante dos desafios, a equipe de Kast já antecipou que o início do governo deve ser “complexo”, com forte pressão por resultados, defendendo ações rápidas para que mudanças sejam percebidas já no segundo semestre de 2026. Para isso, segundo o jornal local La Tercera, os projetos de lei e ajustes regulatórios devem estar prontos antes mesmo da posse.

— Se alguém espera que tudo mude no primeiro dia, isso não vai acontecer — disse à imprensa seu coordenador da campanha para o segundo turno, o engenheiro Martín Arrau.

Há meses, o Partido Republicano estuda medidas que dispensam a necessidade de votação no Congresso e planejam priorizar, entre as que exigem aprovação, projetos de segurança e imigração, como o que criminaliza a entrada ilegal. A expectativa é que não haja muita resistência para aprovar medidas como essas logo nos primeiros meses de governo.

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Embora o Chile seja um dos países mais seguros do continente, a violência criminal é a maior preocupação de seus cidadãos. O crime internacional chegou com gangues como o Tren de Aragua, de origem venezuelana. Os homicídios aumentaram 140% na última década, antes de os números se estabilizarem: de 2,5 casos por 100 mil habitantes para 6 em 2024. A média na América Latina é de 15, segundo a ONU. Houve também um aumento exponencial nos sequestros.

A “Operação Kast” combinará um ataque frontal ao crime organizado e ao tráfico de drogas com expulsões em massa de imigrantes sem documentos, aumento do poder de fogo da polícia e o destacamento de pessoal militar para áreas críticas. O presidente eleito, que visitou a megaprisão para membros de gangues do presidente Nayib Bukele em El Salvador, convidou imigrantes sem documentos a deixarem o país antes de 11 de março e descartou operações como as realizadas pelo governo de Donald Trump nos EUA.

A dívida pública no Chile atingirá 42,2% do PIB até o final de 2025, e o futuro governo terá que impor cortes para evitar um desequilíbrio fiscal. Kast afirma que irá cortar cerca de US$ 6 bilhões (R$ 32 bilhões) em gastos públicos ao longo de 18 meses.

A equipe dele afirma que, desde o primeiro dia, serão emitidas diretrizes para reduzir gastos nos ministérios e órgãos públicos, com foco em despesas políticas, e para aumentar a eficiência no uso dos recursos públicos. O plano prevê ainda demissões e mudanças na legislação do serviço público para priorizar progressão por mérito, limitar cargos de confiança e permitir maior mobilidade de servidores com base no desempenho.

Críticos, mesmo na direita tradicional, afirmam ser impossível fazer um corte tão grande sem afetar os programas sociais.

Ainda na área econômica, Kast quer impulsionar o investimento com impostos e regulamentações mais baixos. Ele espera que isso ajude o Chile a crescer 4% ao ano, acima dos 2,6% registrados em 2024.

Negociação com o Congresso

Se Kast quiser reduzir impostos ou criminalizar a imigração ilegal, ele é obrigado a negociar no Congresso. Embora a direita detenha a maioria no Parlamento, precisará de votos do centro-esquerda, especialmente no Senado.

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Em seus curtos seis anos de existência, o Partido Republicano de Kast se distanciou dos acordos firmados entre o partido governista e a direita tradicional.

Para governar, ele terá que se aliar à direita tradicional, que chamou de “direita covarde” em 2019. E também ao Partido Popular de Franco Parisi, um líder com uma agenda populista e antielitista que surpreendeu a todos ao obter 20% dos votos no primeiro turno e que pode se dividir.



Conteúdo Original

2025-12-15 12:39:00

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