PF mira grupo que usava funcionários de limpeza de salas VIP para tráfico de drogas no Aeroporto de Guarulhos

Agentes da Polícia Federal saíram às ruas, nesta quinta-feira, para cumprir dez mandados de prisão e outros dez de busca e apreensão em Guarulhos (SP). A ação, batizada de Heavy Cleaning, mira uma associação criminosa acusada de tráfico internacional de


Agentes da Polícia Federal saíram às ruas, nesta quinta-feira, para cumprir dez mandados de prisão e outros dez de busca e apreensão em Guarulhos (SP). A ação, batizada de Heavy Cleaning, mira uma associação criminosa acusada de tráfico internacional de drogas por meio do Aeroporto Internacional de São Paulo.

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As investigações apontam que o grupo utilizava funcionários do setor de limpeza de salas VIP do terminal para ludibriar as autoridades e operar o esquema.

Como tinham acesso a áreas sensíveis do aeroporto, esses servidores eram cooptados para inserir clandestinamente cocaína nos setores internos do terminal. Com isso, a associação criminosa viabilizava o envio da droga para o exterior.

Foto ilustrativa de agentes da Polícia Federal em aeroporto — Foto: Divulgação/PF

Fotos divulgadas pela PF mostram tijolos de cocaína no fundo de uma lixeira.

Os agentes apreenderam celulares e outros materiais considerados “de interesse investigativo” durante as diligências da manhã desta quinta. Os objetos serão encaminhados para perícia.

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Segundo a PF, os investigados poderão responder por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico.

Outros esquemas adotados por criminosos para levar drogas ao exterior já haviam sido alvo de ações da PF. Em agosto do ano passado, a Justiça Federal condenou seis criminosos que trocavam as bagagens de passageiros que embarcavam para o exterior, no Aeroporto de Guarulhos, por malas com entorpecentes. A denúncia do Ministério Público apontou o envolvimento dos criminosos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Duas vítimas da organização criminosa, Kátyna Baía e Jeanne Paolini, ficaram presas por mais de um mês em Frankfurt, na Alemanha, em 2023. Um carregamento de cocaína havia sido encontrado em bagagens que estavam com etiquetas correspondentes às do casal. Ao serem abordadas, as brasileiras disseram não saber a origem da droga e alegaram que as bagagens não eram delas.

O processo na Alemanha contra Kátyna Baía e Jeanne Paolini só foi encerrado em dezembro de 2023, cerca de oito meses após o casal ser solto em Frankfurt. Segundo o juiz do caso, o crime cometido pelo grupo provocou “graves consequências” para a dupla.

Durante a investigação, os agentes identificaram o grupo que enviou 40 quilos de cocaína para a Alemanha por meio da troca de bagagens de passageiros. A ação do bando consiste em retirar a etiqueta da bagagem despachada e colocar em outra, que está com as drogas.

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Em outubro, a PF confirmou que a delegacia no Aeroporto de Guarulhos iria quase duplicar de tamanho, com novo andar superior e um laboratório de perícia, canil, cartórios, salas de audiência, além de uma reforma no pavimento térreo do prédio. A expectativa é que, dali a 18 meses, a PF dobrasse a capacidade de atendimento e também tivesse mais estrutura para prevenção ao tráfico de drogas e na área de imigração e controle de fronteiras.

Reportagem do GLOBO, em junho, mostrou que o terminal do Aeroporto de Guarulhos se tornou um “hub” do tráfico. Nos últimos cinco anos, 10,8 toneladas de droga foram confiscadas no aeroporto, num total de 1.416 apreensões. Seis em cada dez pessoas interceptadas com entorpecentes são brasileiras. O destino principal dos ilícitos é Paris, a capital francesa. O voo mais usado pelos capturados é o ET0507, da Ethiopian Airlines, para Adis Abeba, na Etiópia.

A cocaína é a droga mais exportada, ao passo que o skunk, a metanfetamina e o haxixe são as mais importadas. Os dados integravam um levantamento até então inédito da PF, obtido pelo GLOBO, que revelou detalhes do entra e sai de drogas no maior aeroporto da América do Sul.

O Aeroporto Internacional é utilizado tanto por mulas, como é conhecido quem carrega pequenos volumes em troca de dinheiro, quanto por facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Os destinos da cocaína têm mudado gradualmente. Em 2020, 54% das apreensões destinadas ao exterior seguiriam para o continente africano e 24% para o europeu. Em 2024, as proporções se inverteram: apenas 11% iriam para a África e 77% para a Europa.



Conteúdo Original

2025-12-11 07:29:00

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