O número de mortos na operação da polícia, que tomou os complexos do Alemão e da Penha, chegou a 128 nesta quarta-feira (29/10). E o cantor MC Maneirinho soltou o verbo no Instagram sobre as pessoas que estão comemorando o resultado da ação, considerada a mais letal da história do estado.
“Cada merda que nós lê (sic). Vocês não sabem o que é uma operação, não, como é aterrorizante essa porra, barulho de tiro, [se esconder] debaixo da cama, gritaria. Um inferno. Do apartamento de vocês não dá pra saber essa porra não, mano”, começou ele, que compartilhou uma foto dos corpos enfileirados em uma praça da região.
Em seguida, ele desabafou: “Eu aqui, sou exceção. Tô aqui, meus filhos estão seguros. Mas tenho parente, família, amigos que estão no meio desse caos aí. Vocês não sabem o que é operação. Então, não fala merda, não apoia essa enxugação de gelo”, disparou.
“Os verdadeiros traficantes estão em mansões”, disse
Ainda na postagem, Maneirinho falou sobre a ação: “Morreu todo mundo, menos quem são os verdadeiros traficantes não vão morrer. Eles são poliglotas, estão em mansões, em outros países fazendo negócios pra entrar mais armas, mais drogas”, afirmou, antes de completar:
“Isso não vai acabar. Parem de comemorar, seus imbecis do caralho. Bota uma coisa na cabeça de vocês: quem pode acabar com a guerra, não quer que a guerra acabe. Enquanto vocês estão comemorando como imbecis, os verdadeiros traficantes estão viajando, fazendo negócios. No final, quem se fode é morador. Morre traficante, polícia e ninguém aprende”, declarou.
Imagem dos corpos
Na manhã desta quarta-feira (29/10), o cantor compartilhou a imagem dos corpos enfileirados em uma praça da região. Os cadáveres foram removidos da mata pelos próprios moradores.
“Essa é a imagem que vai rodar o mundo. E hoje, o Rio amanheceu mais seguro? Se essa imagem faz você rir e debochar, pode ter certeza de quem você é. Colocar outras mortes covardes pra tirar algo de positivo nessa imagem é inaceitável. As famílias desses policiais também têm meus pêsames por estarem sofrendo agora, por uma atitude marketeira pra eleições”, escreveu ele.
Logo depois, ele opinou: “E essa imagem vai estar pra sempre na memória de quem mora na favela. Já vocês, vão esquecer em poucos dias e só vão lembrar em músicas ou postagens. Não vai ser apontando letras minhas ou a morte da senhora que também não merecia ter esse fim”, queixou-se.
Do lado dos moradores
Na legenda da foto, o funkeiro desabafou: “Eu posso ter meus defeitos, mas tenho coração, mano. Não tem como achar isso aqui normal. Eu tô do lado do morador que não tem voz. Parem com isso, mano. Olhe bem pra essa imagem e imagine ela acontecendo em frente a sua casa, antes de comentar qualquer coisa aqui”, disse.
No fim, ele aconselhou: “E pensem, reflitam de novo sobre o que eu falei no meu vídeo. Quem pode acabar com a guerra, não quer que guerra acabe. Paz no Rio de Janeiro. Essa intervenção já dura 40 anos e nada mudou, família. Nem vai mudar. Porque não é do chão que aparecem as armas e as drogas, alguém trás e serão as mesmas que são mostradas pra vocês, infelizmente”, concluiu.
2025-10-29 11:06:00
