O cronograma das operações de Castro contra o Comando Vermelho no Rio

• Leia também: Anúncio de Lula sobre legistas em investigação de operação no RJ pegou governo de surpresa
• E mais: Fala de Lula sobre ‘matança’ no Rio atropelou tentativa de armistício com Cláudio Castro

Pelo planejamento do governo do estado, serão pelo menos cinco operações até o final do ano em comunidades dominadas pelo crime organizado. De acordo com fontes ligadas ao planejamento das operações, os locais já foram escolhidos e os processos para autorização das ações já estão encaminhados.

Outras cinco operações já estão previstas, mas não para este ano.

• Bastidor: Julgamento que pode cassar Castro teve climão entre ministros e suspense da relatora
• Fator Kassio: O roteiro de Castro para escapar de cassação no TSE

Castro disse ao colunista Lauro Jardim que, após a megaoperação que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, tinha mais dez operações contra facções criminosas agendadas. De acordo com o colunista, Castro antecipou que no próximo mês as ações visarão a retomada de territórios na Baixada de Jacarepaguá, na Zona Sudoeste.

Se o cronograma montado pela equipe de segurança pública for cumprido, serão cinco operações em cerca de 50 dias.

• Judiciário: Julgamento que pode cassar Castro e torná-lo inelegível acende sinal de alerta entre aliados
• Leia também: A carta na manga de Castro para travar julgamento que pode cassá-lo e declará-lo inelegível

Como antecipamos no blog, a realização de novas ações policiais já estavam na mira do governo do Rio antes mesmo da conclusão da operação contra o CV no Alemão e na Penha. No dia seguinte à incursão que deixou 121 mortos, os principais auxiliares de Castro já discutiam o calendário que começa a se materializar nas ruas nas próximas semanas.

“Vamos apertar o CV”, sintetizou um auxiliar próximo do governador na ocasião.

• Rio: Anúncio de Lula sobre legistas em investigação de operação pegou governo de surpresa
• E ainda: Fala de Lula sobre ‘matança’ no Rio atropelou tentativa de armistício com Cláudio Castro

O principal alvo da operação da semana passada, Edgar Alves de Andrade, o Doca, escapou dos policiais e segue foragido. Ele é uma das principais lideranças do Comando Vermelho e é a autoridade máxima nos complexos do entorno do bairro da Penha.

As futuras operações colocam as diligências policiais cada vez mais próximas do cenário eleitoral de 2026, quando o governador poderá disputar um cargo eletivo.

• Bastidor: A reação de Alexandre de Moraes à proposta de tornar Comando Vermelho organização terrorista
• Dosimetria: Os obstáculos que travaram projeto que pode reduzir pena de Bolsonaro na prisão

Como mostrou O GLOBO, Castro, antes inclinado a permanecer à frente do Palácio do Guanabara até o fim do segundo mandato após um racha no seu grupo político, voltou a considerar uma candidatura ao Senado Federal com a alta nos seus índices de popularidade em alta.

Desde a operação do último dia 27, o bolsonarista ganhou 1,8 milhão de seguidores no Instagram e atingiu a marca de 2,2 milhões. Nesse recorte, Castro está atrás apenas de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), com 5,5 milhões, superando até mesmo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que comanda o segundo maior colégio eleitoral do país e soma 1,9 milhão.

• Fogo cruzado: Relatório entregue a governo Trump por Castro pede sanções antiterrorismo contra Comando Vermelho
• Trama golpista: Governo do DF tenta convencer STF a não mandar Bolsonaro para Papuda

A possibilidade das novas incursões resultarem na recorrência da letalidade policial, além de conflagrar ainda mais o debate sobre segurança pública às vésperas do período eleitoral, pode jogar ainda mais gasolina no embate entre o Guanabara e o Palácio do Planalto.

Em entrevista a jornalistas estrangeiros na última terça-feira, Lula classificou a operação nos complexos do Alemão e da Penha como “desastrosa”.

• Bastidor: Transferência de chefes do Comando Vermelho para segurança máxima terá rodízio e dispersão
• ADPF das Favelas: Partidos da base de Lula chamam operação de ‘massacre’ e acionam Moraes para garantir acesso de famílias a corpos

“Não tinha uma ordem de matança e houve a matança”, criticou o presidente. “As pessoas podem considerar um sucesso, mas, do ponto de vista da ação do estado, eu acho que ela foi desastrosa”.

Como mostramos no blog, as declarações do petista atropelaram uma tentativa de armistício entre Cláudio Castro e Lula costurada entre os governos do Rio e o federal.

• Exclusivo: Veja foto dos presos do CV que serão transferidos de Bangu 3 após caos no Rio
• Análise: Corpos no chão e chefões tranquilos na cadeia denunciam o dilema que os governos evitam enfrentar

O governador fluminense vinha tentando uma aproximação com o presidente há alguns meses com o objetivo de rever os termos do Regime de Recuperação Fiscal do Rio através do Propag, o programa de renegociação de dívidas com a União.

Castro não gostou das declarações de Lula, mas por ora optou pelo silêncio para não confrontar o presidente no momento da renegociação, além de estar no centro dos holofotes com a retomada do julgamento da ação que pede sua cassação por abuso de poder econômico no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).