notas depositadas em banco por quadrilha que fornecia armas para o tráfico tinham mofo e poeira

Nas investigações da Polícia Civil sobre o esquema de compra de armas e munição pela facção criminosa Comando vermelho no Rio, chamaram a atenção dos investigadores os relatos de operadores bancários sobre movimentações suspeitas nas contas de Jhonnatha Schimitd Yanowich,


Nas investigações da Polícia Civil sobre o esquema de compra de armas e munição pela facção criminosa Comando vermelho no Rio, chamaram a atenção dos investigadores os relatos de operadores bancários sobre movimentações suspeitas nas contas de Jhonnatha Schimitd Yanowich, um dos alvos da operação deflagrada na terça-feira em conjunto com o Ministério Público como parte da Operação Contenção. O empresário, que foi preso em São Paulo, era dono de uma das casas onde foram feitas buscas, num condomínio de luxo, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. Nas operações bancárias foram registrados depósitos em espécie nos quais as notas apresentadas tinham “aspecto mofado, sujo, empoeirado, a ponto de a máquina contadora de cédulas recusar algumas” delas. Segundo os policiais isso pode ser um indicativo de que o dinheiro teria ficado enterrado, prática considerada comum para esconder os recursos arrecadados por organizações criminosas envolvidas com tráfico de drogas.

Em outra oportunidade, o banco chegou a reportar movimentação de R$20.832.191,00 em uma conta de Yanowich em um período de três meses. Os agentes bancários notaram especialmente a realização de três saques R$ 1 milhão cada no período. Ao justificar as retiradas, o empresário disse que a destinação seria a compra de obra de arte junto a Brunno Nogueira Alcaide, o que levantou suspeitas diante da falta de “capacidade financeira” de Brunno para adquirir peça artísticas neste valor.

Brunno é apontado nas investigações como suposto laranja de Yanowich. Ele teria realizado dois depósitos em espécie em contas vinculadas ao também empresário Eduardo Bazzana em abril de 2022 no valor total R$ 140 mil. Brunno também teria participado de transações que envolveram a compra de dois imóveis na Barra da Tijuca revendidos em seguida para filhos menores de idade de Yanowich por valores bem menores.

A partir de mensagens e planilhas detalhadas mantidas pelo chefe do crime em Rondônia, Luiz Carlos Bandera Rodrigues, o Da Roça — que passou a atuar na estrutura do Comando Vermelho na Zona Oeste do Rio, na Muzema, onde ganhou o apelido de Zeus — a Polícia Civil chegou a Eduardo Bazzana, dono de duas empresas de comércio de artigos esportivos — entre eles armas e munições — registradas em cidades paulistas. O empresário, que também é presidente de um clube de tiro, foi preso na terça-feira, na cidade de Americana, na região metropolitana de Campinas.

Os policiais encontraram anotações com o nome do empresário apresentado como “fornecedor” e indicando a compra de itens como “pente AR10, pente AR15, munição AK47, munição 223 e munição 762”. O arquivo interceptado pela investigação mostra que o empresário teria recebido R$ 1,6 milhão num período de apenas 40 dias pela venda dos carregadores e da munição aos criminosos. Para tentar fugir dos órgãos de controle, depósitos foram feitos pelos traficantes de forma fracionada via Pix.

A defesa de Eduardo Bazzana disse que ainda não teve acesso à íntegra do inquérito. Por meio de um áudio enviado por whatsapp, o advogado Rogério Duarte disse que “o senhor Eduardo Bazzana tem 68 anos de vida e nunca esteve envolvido com facção, seja ela qual for” sendo “uma pessoa íntegra, honesta, que respeita os princípios da família, uma pessoa trabalhadora” e que “no final do processo vai ficar provada a inocência dele”. A defesa entende ainda que a “prisão preventiva (…) foi decretada de forma ilegal, porque os requisitos, objetivos e subjetivos” não foram cumpridos. O advogado acrescentou ainda que há uma onda “de criminalizar todos os empresários que de forma direta ou indireta trabalham com arma de fogo”.

O EXTRA não conseguiu contato com a defesa dos demais suspeitos.



Conteúdo Original

2025-05-15 06:30:00

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