Motorista de caminhão que estava com gari morto a tiros por empresário em BH detalha crime: ‘Nos tratou como descartáveis’

A motorista do caminhão que estava nesta segunda-feira com o gari Laudemir de Souza Fernandes, morto a tiros enquanto trabalhava no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte (MG), nega que o colega tenha sido atingido durante uma briga de trânsito.


A motorista do caminhão que estava nesta segunda-feira com o gari Laudemir de Souza Fernandes, morto a tiros enquanto trabalhava no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte (MG), nega que o colega tenha sido atingido durante uma briga de trânsito. Eledias Aparecida Rodrigues contou que o empresário René da Silva Nogueira Junior, preso como suspeito do crime, estava “apressado” para seguir com o carro, “se manteve frio o tempo inteiro” e a ameaçou antes de abrir fogo.

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Eledias conversou com a imprensa após a prisão de René. Segundo a polícia, o empresário foi passear com os cachorros e treinar numa academia de alto padrão depois de matar Laudemir. A motorista disse que a equipe de limpeza estava numa rua com veículos dos dois lados, com os coletores segurando o trânsito para realizar o trabalho. Os garis chegaram a pedir que o condutor “apressado” esperasse e até o ajudaram a passar entre o caminhão e outros veículos parados na rua Modestino de Souza. Foi quando ela disse ter ouvido a ameaça.

— Se você esbarrar no meu carro, vou dar um tiro na sua cara — disse René para a motorista, de acordo com os relatos dela a vários veículos da imprensa mineira.

A mulher disse não ter acreditado na ameaça até ver René engatilhar uma arma. A motorista afirma que os garis tentaram intervir e pedir que o homem se acalmasse. O empresário andou com um carro mais alguns metros para frente, na direção contrária do caminhão. Eledias afirma ter visto a ação do suspeito pelo retrovisor e gritado para os colegas.

— Ele vai atirar, ele está armado — disse ela, que lembrou ter visto René mirar primeiro no coletor Thiago e depois em Laudemir.

Ao portal Bhaz, Eledias ressaltou que René saiu do carro para atirar e logo depois voltou ao veículo. Segundo ela, o homem foi embora sem nem olhar para trás.

Ao jornal O Tempo, a motorista destacou que não houve briga de trânsito e classificou o caso como uma “violência gratuita” contra os profissionais.

— Não houve confusão, briga ou discussão. Ele [René] se manteve o tempo inteiro frio, a gente, na verdade, estava ajudando a manobrar. Manobrei o caminhão, jogando o máximo possível para o meio-fio, mas ele queria passar rápido — disse. — Foi uma violência gratuita, a gente não bateu boca com ele em hora nenhuma. Ele nos tratou como se fôssemos descartáveis, matou o que estava mais perto dele.

O empresário vai responder pelos crimes de ameaça e homicídio qualificado, por motivo fútil e uso de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima. Ele foi encaminhado ao sistema prisional.

René Nogueira é marido da delegada Ana Paula Balbino Nogueira, da Polícia Civil de Minas Gerais. O acusado disse que a mulher tem uma arma de fogo do mesmo calibre da que foi utilizada no assassinato de Laudemir, segundo o g1. A Corregedoria da PCMG instaurou um procedimento disciplinar para apurar a conduta da delegada.



Conteúdo Original

2025-08-13 06:05:00

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