Morte de chefe do tráfico na Maré expõe estrutura descentralizada do TCP e acende alerta para disputa interna

A morte de Thiago da Silva Folly, o TH, durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Maré, expôs a complexa e descentralizada estrutura do Terceiro Comando Puro (TCP). Considerado uma das principais lideranças da facção no Rio


A morte de Thiago da Silva Folly, o TH, durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Maré, expôs a complexa e descentralizada estrutura do Terceiro Comando Puro (TCP). Considerado uma das principais lideranças da facção no Rio de Janeiro, TH era uma figura estratégica para a organização, especialmente por sua influência na comunidade da Maré, território com importância nacional para o grupo criminoso.

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Conforme a Secretaria de Estado da Polícia Militar, a facção opera fragmentadamente, com lideranças regionais que mantêm vínculos, mas funcionam com grande autonomia — diferente do Comando Vermelho (CV), cuja hierarquia é mais centralizada, com uma cadeia de comando que se estende da prisão à base do tráfico nas comunidades.

— O CV tem uma hierarquia diferente do TCP. Desde a liderança, que é o Marcinho VP, que está preso, até a base. O TCP não, cada região tem sua liderança. Essas lideranças têm contato entre si, se dão apoio, têm suas tratativas, seus comércios. E eles realmente se ajudam mutuamente — explicou o subsecretário de Inteligência da Polícia Mlitar, Uirá Ferreira.

TH começou sua trajetória como segurança de Marcelo Santos das Dores, o Menor P, e assumiu o controle do tráfico na Maré entre 2010 e 2013. Desde então, tornou-se peça-chave do TCP ao articular extorsões e roubos de carga na Linha Amarela, além de oferecer proteção a lideranças de outros estados foragidas da Justiça.

— A Maré tem uma importância nacional para o TCP, não só pelo tamanho, mas pela complexidade do território e pelo poder de fogo ali concentrado. Lideranças do Ceará, Bahia e Minas Gerais se escondem naquela região — afirmou Ferreira.

O criminoso era procurado pela polícia há mais de uma década. Segundo a Polícia Militar, TH acumulava 227 anotações criminais e 17 mandados de prisão em aberto. Ele estava foragido desde 2014, quando o Exército ocupou a Maré, e nunca chegou a ser preso.

A operação que resultou na sua morte foi planejada ao longo de meses e iniciou na madrugada da última segunda-feira. O alvo foi localizado em tempo real e cercado em uma casa de dois andares no Timbau, uma das localidades do conjunto de favelas. O imóvel, tomado de moradores, era usado para refino de drogas e armazenamento de armas. Durante o confronto, TH e dois de seus seguranças foram mortos. O Bope estima que ao menos 30 criminosos faziam sua segurança direta.

Segundo a polícia, o assassinato de TH não deve impactar diretamente outros territórios do TCP, como o Morro dos Macacos, já que a organização criminosa funciona de maneira semelhante a uma rede de “filiais”, com autonomia operacional. Ainda assim, a ausência de uma figura com tamanha influência na Maré pode desencadear uma disputa interna pela sucessão.

— No crime organizado não existe vácuo. Já estamos acompanhando esse cenário com nossa inteligência, em articulação com outras corporações — afirmou o subsecretário.

A Polícia Militar mantém patrulhamento intensivo nas vias expressas próximas à Maré e anunciou reforço permanente nos acessos 6, 7 e 8 da Linha Amarela.



Conteúdo Original

2025-05-13 13:31:00

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