O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, acusou nesta sexta-feira o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua mulher, Viviane Barci de Moraes, de “tráfico de influência” por um suposto envolvimento em um contrato com o Banco Master. A declaração ocorreu no mesmo dia em que o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal (PF).
O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirma que o acordo do escritório de advocacia de Viviane com o banco, no valor de R$ 129 milhões, seria “prova de corrupção”. Malafaia pede que ela seja investigada e o magistrado afastado da Corte.
— Não existe honorário advocatício nesse valor em um contrato genérico (…) que moral esse cara (Moraes) tem para julgar alguém? — disse Malafaia, que também teceu críticas a outros ministros do STF.
O GLOBO procurou Moraes por meio da assessoria do STF. A reportagem será atualizada em caso de resposta.
A operação contra Sóstenes e Carlos Jordy foi determinada pelo ministro Flávio Dino, relator do caso no STF. A investigação apura uma suspeita de desvio de cota parlamentar por meio do aluguel de veículos, serviços a que os parlamentares têm direito. Na gravação, Malafaia sai em defesa de Sóstenes e alega que a investigação contra o deputado seria uma armação contra a direita.
Segundo a PF, o parlamentar teria desviado recursos públicos da cota parlamentar em benefício próprio por meio de servidores comissionados.
A polícia obteve conversas em que um assessor do PL afirmou que o deputado Sóstenes estaria fazendo pagamentos “por fora”. Um assessor do deputado Jordy também usa a expressão em outras conversas. “Segunda feira o deputado vai vir segunda, aí eu vou ver com ele pra pagar o outro por fora, tá bom? Na segunda-feira, tá? E segunda-feira tá todo mundo aqui, eu vou ver com ele, tá bom?”, diz trecho destaco pela PF.
A apuração aponta que os recursos desviados eram enviados a empresas de fachada e, posteriormente, submetidos a mecanismos de lavagem. Durante as buscas desta sexta-feira, a PF apreendeu R$ 430 mil em espécie em um endereço ligado a Sóstenes.
Como revelou a coluna do GLOBO Malu Gaspar, o escritório receberia remuneração mensal de R$ 3,6 milhões ao longo de três anos. Como ele foi assinado em 16 de janeiro de 2024, se tivesse sido cumprido integralmente teria rendido ao Barci de Moraes Associados R$ 129 milhões até o início de 2027 – ano em que o ministro assumirá a presidência do STF, no esquema de rodízio do tribunal.
Em novembro, Malafaia afirmou que a prisão de Bolsonaro não passa de uma “cortina de fumaça” para o escândalo envolvendo o Banco Master, que levou à prisão de Daniel Vorcaro, presidente da instituição.
De acordo com as informações coletadas pela Polícia Federal, o Master teria vendido carteiras de crédito falsas ao BRB. A fraude é estimada em R$ 12,2 bilhões e o banco público de Brasília pagou por créditos pelos quais não receberia retorno.
2025-12-19 16:49:00



