Justiça Federal condena grupo de mercenários que trabalhava para clã do tráfico na fronteira

A Justiça Federal do Mato Grosso do Sul condenou no final de agosto doze homens envolvidos em uma força paramilitar recrutada pelo traficante de drogas Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota. Os envolvidos foram presos na operação Magnus Dominus, da


A Justiça Federal do Mato Grosso do Sul condenou no final de agosto doze homens envolvidos em uma força paramilitar recrutada pelo traficante de drogas Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota. Os envolvidos foram presos na operação Magnus Dominus, da Polícia Federal, deflagrada em 2023. Descrito como líder do grupo, Mota, no entanto, conseguiu escapar e fugiu em um helicóptero na véspera, estando desde então na lista de procurados da Interpol.

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A sentença é do dia 28 de agosto. Na acusação, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que Antônio da Mota, o Motinha ou Dom, teria criado o grupo paramilitar para garantir a sua segurança pessoal e dos seus negócios ilegais no tráfico de drogas na fronteira entre Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

Dom é descrito pelo MPF como atual chefe do Clã Mota, tendo assumido o controle da organização no lugar do pai. A contratação de paramilitares, alguns com experiência em conflito, seria parte de uma iniciativa de modernização da atividade. Abaixo de Dom, estava Iuri Gusmão, que repassava as ordens do chefe aos outros mercenários, contratados através da empresa Armory Tech.

Segundo o MPF, Iuri “tem um histórico de envolvimento com um grupo de jovens supremacistas brancos e possuía uma coleção de artefatos nazistas em sua residência, o que demonstraria um “grau de violência extremamente elevado”. Em 2011, quando tinha 18 anos, Iuri foi alvo da Polícia Civil de Minas Gerais por participar de um grupo que promovia o nazismo nas redes sociais e agredia minorias.

O megatraficante Antônio Joaquim Mota — Foto: Reprodução

O MPF afirmou que Iuri Gusmão orientava os demais integrantes da força paramilitar a como reagir diante de abordagens policiais e fugas. Dados de GPS do grupo indicaram que os mercenários prestavam apoio operacional ao transporte de cocaína em aeronaves que partiam de propriedades da família Mota no Paraguai em direção ao Brasil. O Primeiro Comando da Capital (PCC) seria um dos clientes da droga enviada por Mota.

No processo, a defesa de Iuri alegou que o cliente apenas acompanhava aeronaves que transportavam passageiros e bagagens pessoais, com ordem para agir “em caso de qualquer indício de atividade ilícita” nas propriedades do clã.

— A condenação é injusta. Iuri trabalhava legalmente no Paraguai, no ramo de segurança particular, e não cometeu ilícito algum. Vamos recorrer imediatamente e também contra a manutenção dele em presídio federal, medida ilegal e desproporcional — diz o advogado criminalista Diogo Ferrari, que defende Iuri Gusmão no caso.

Entre os mercenários que compunha a força militar arregimentada por Mota estão estrangeiros, que entravam no Paraguai e no Brasil com visto de turistas e não tinham autorização para atuarem com segurança armada. É o caso do grego Nikolaos Kifandis, do italiano Giorgio Otta, do romeno Musat Cornel e dos franceses Roman Kolomoytsev e Aurelien Ferranti. Todos encontram-se em “local incerto e não sabido”, segundo a sentença.

Já entre os brasileiros envolvidos estão ex-militares e um policial militar do Mato Grosso do Sul. Os brasileiros tinham cursos de especialização e passagens em instituições como a Legião Estrangeira da França ou atuação como contratados em empresas na África e Oriente Médio. Um deles também teria trabalhado no combate a piratas na costa da Somália.

Apontados como líderes do grupo paramilitar, Antônio da Mota e Iuri Gusmão foram condenados a 11 e 9 anos de prisão, respectivamente, com o cumprimento da pena em prisões de segurança-máxima. As demais penas variaram de 7 a 8 anos de prisão.



Conteúdo Original

2025-09-19 03:30:00

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