Homem que usava codinome para não ser identificado e apontado como chefe do tráfico passou 15 dias em Paris, diz polícia

Um dos 36 alvos da Operação Trunfo Final, deflagrada pela Polícia Civil, nesta sexta-feira, Rafael da Silva Titara, o Galo, foi apontado como suspeito de integrar da facção criminosa Comando Vermelho(CV) e de chefiar o tráfico da favela Az de


Um dos 36 alvos da Operação Trunfo Final, deflagrada pela Polícia Civil, nesta sexta-feira, Rafael da Silva Titara, o Galo, foi apontado como suspeito de integrar da facção criminosa Comando Vermelho(CV) e de chefiar o tráfico da favela Az de Ouro, localizada entre Anchieta e Nilópolis, na divisa entre o município do Rio e a Baixada Fluminense. Segundo o apurado pelos investigadores, Galo viajou para o exterior e chegou a passar 15 dias na França, na Europa. Conforme investigações feitas em conjunto pela Delegacia de Roubos e Furtos(DRF) e pela 14ªDP( Leblon), que fazem parte do Departamento Geral de Polícia Especializada(DGPE) e do Departamento Geral de Polícia da Capital(DGPC), ele esteve em Paris, em junho de 2025. 

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Em suas redes sociais, a polícia conseguiu uma foto onde ele aparece em frente a um dos cartões postais de Paris: a Torre Eiffel. Segundo os delegados Thiago Neves, da DRF, e Thainne Moraes, da 14ªDP , o traficante conseguiu viajar para o exterior porquê, na época, não havia mandado de prisão expedido em seu nome. Para evitar ser identificado, Rafael usava o codinome Galo. O apelido aparece em postagens feitas pela quadrilha, que também é ligada a Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso. Este último é um dos chefes da cúpula do CV e controla o tráfico de drogas no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. 

Foto de homem usando cordões e carta de baralho apreendida pela polícia — Foto: Reprodução redes sociais

— Uma característica interessante   desta organização criminosa era a utilização de codinomes. O Rafael da Silva Titaro, era conhecido como Galo e passava incólume   sem nenhum mandado de prisão. E isto resultou até na possibilidade dele efetuar uma viagem para Paris, em junho deste ano— disse o delegado Thiago Neves.

Traficante exibindo arma na favela Az de Ouro — Foto: Reprodução
Traficante exibindo arma na favela Az de Ouro — Foto: Reprodução

Após ser identificado pela polícia, Rafael da Silva Titara teve a prisão preventiva decretada pela 26ª Vara Criminal do Rio no dia 9 de dezembro. Ele conseguiu fugir do cerco policial desta sexta-feira. Outras 13 pessoas suspeitas de pertencer ao bando, e que estavam com as respectivas prisões decretadas, foram localizadas e presas. Ao todo, foram expedidos 36 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão. Galo também é apontado na investigação como chefe da “Tropa do César”, bandido ainda não identificado que seria uma espécie de braço-armado do grupo do tráfico da Az de Ouro. 

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De acordo com a Polícia Civil, a investigação mapeou toda a estrutura criminosa que controlava a área da comunidade Az de Ouro e identificou os integrantes da quadrilha e suas funções específicas. Entre os 36 criminosos identificados estão chefes operacionais, gerentes do tráfico, distribuidores de armas e responsáveis pela arrecadação e movimentação financeira. Os investigadores descobriram que apenas uma das quatro contas utilizadas por integrantes do grupo movimentou R$ 1, 2 milhão num intervalo de apenas15 dias. 

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Já se sabe que o grupo criminoso usava o dinheiro obtido com roubos de veículos, roubos de cargas, da venda de drogas, e de extorsões, para comprar armas em países que fazem fronteira com o Brasil. O bando era organizado e atuava com pelo menos quatro núcleos diferentes.

— Na investigação a gente conseguiu demonstrar claramente a estrutura de governança criminal que aquela organização criminosa incluía na região. A gente conseguiu identificar, e foi o grande êxito desta operação, aproximadamente 95% dos indivíduos associados faccionados (que atuam na Az de Ouro). Foi identificado um núcleo financeiro, que era responsável de envio de dinheiro para regiões   fronteiriças, e por conseguinte para compra de drogas e armas. Um núcleo que era responsável por roubo de veículos, inclusive hoje foram apreendidos diversas peças de veículos roubados. E um núcleo responsável pela guerra e invasões a territórios de outras facções.  Tinha também o núcleo de marketing. Foi decretada a prisão de um associado que se autointitulava DJ. Ele compunha músicas de apologia à facção, integrava ativamente o interior da comunidade participando das negociações e   fazia toda a estratégia de marketing em bailes e na lógica expansionista da facção— disse o delegado.

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Segundo a delegada Thainne Moraes, da 14ªDP, o material apreendido, nesta sexta-feira, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, servirá para abastecer com informações uma nova fase da investigação, que já está em andamento. Entre o que já foi apurado nas investigações pelo setor de inteligência das duas delegacias está o funcionamento de uma espécie de tribunal do tráfico na favela Az de Ouro. Em maio de 2025, o grupo criminoso teria executado um morador da comunidade. Ele teria sido assassinado por bandidos que o acusaram de ser informante de policiais. Segundo a investigação, a vítima foi morta e teve o corpo esquartejado.

— Isso (a execução de um morador) é um norte desta facção, desses chefes desta facção. O que aconteceu neste tribunal da comunidade Az de Ouro, acontece em dezenas de comunidades com territórios dominados pelo CV—disse o delegado André Neves, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada.



Conteúdo Original

2025-12-12 16:28:00

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