Diaba Loira, do TCPDivulgação/ Portal dos Procurados
Rio – Durante muito tempo, o crime organizado no Brasil foi retratado como um universo exclusivamente masculino. No entanto, nos bastidores das facções criminosas, diversas mulheres vêm ganhando notoriedade por assumirem papéis estratégicos, seja na chefia de bocas de fumo, na articulação de rotas internacionais de drogas ou no comando direto de comunidades. Algumas já se tornaram símbolos do poder feminino dentro do tráfico.
Um dos nomes mais temidos e comentados dos últimos tempos é o de Aline Teixeira Mendes, conhecida como “Diaba Loira”, pulou do Comando Vermelho (CV) para o Terceiro Comando Puro (TCP), sendo vista em diversas comunidades do Rio de Janeiro. Segundo o Portal dos Procurados, ela estaria diretamente ligada à chefia do mundo do crime.
Viúva do traficante Charles Silva Batista, o Charles do Lixão. Amanda Oliveira, 28 anos, conhecida como Chefinha do Lixão, se tornou tesoureira do Comando Vermelho e uma das mulheres mais procuradas do Rio de Janeiro. Ao lado dela, a mãe de Charles, Richele da Silva Neres, 41, que atende pelo apelido de Chefona do Lixão, também passou a fazer parte da estrutura do CV.
A Musa do Crime, Paolla Bastos Neiva, de 25 anos, é suspeita de, junto ao seu marido, Valter Esteves de Bessa Júnior, conhecido pelo apelido de “Quebra-Caixote”, de 35, movimentar aproximadamente R$ 3 milhões para o Comando Vermelho (CV), na Rocinha. Desde a abertura das investigações ao casal, ambos são considerados procurados.
Luana Rosa de Araujo, a Madrinha da Cidade Alta, é a chefe do tráfico que age no bairro de Imbariê, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense e é integrante do Terceiro Comando Puro (TCP). A criminosa é considerada de alta periculosidade e uma das mulheres mais procuradas no país.
Com a morte de Schumaker ou Piloto e a prisão de Esquilo, ambos antigos chefes do tráfico de drogas do Jardim Catarina, em São Gonçalo, a Polícia Civil chegou ao nome de Cristiane do Catarina como uma das líderes do Comando Vermelho (CV). A criminosa teria sido vista algumas vezes nas comunidades Morro do Martins, na Venda da Cruz, Venda da Coruja e Morro do Feijão, mas segue na lista da polícia desde 2019.
A dupla de mulheres Jaqueline e Ana Mary é procurada por comandar o tráfico de drogas e liderar o Comando Vermelho (CV) em algumas comunidades de Niterói. Com o principal chefe da região, Reinaldo Medeiros Ignácio, vulgo Kadá, preso desde 2018, as duas tomaram a frente das ações do crime, principalmente no Morro do Cavalão, em Icaraí.
Edileuza Maria Santos da Silva, a Elefantinha do A.D.A. (Amigo dos Amigos) e Heloísa Borba Gonçalves, a Viúva Negra, são outras mulheres que constam até na lista da Interpol, por suspeita de terem deixado o país.
Especialistas alertam que muitas dessas mulheres são também vítimas de um sistema de coerção, que mistura vulnerabilidade social, dependência econômica e ausência do Estado. Outras, no entanto, assumem o papel com consciência e ambição, tornando-se peças fundamentais no funcionamento do crime organizado.
“Precisamos entender que não é novidade a presença de mulheres na atividade criminosa. O critério de ascensão a cargos de liderança dentro dessas estruturas basicamente são dois. Uma é a capacidade de produzir resultado em vendas, controle e finanças. O segundo é a violência com a qual você consegue o respeito dos demais, porque esses são os principais critérios. Quanto mais violento, entenda-se o grau de perversidade no tratamento, principalmente da população aonde é delimitado o território, ou seja, a comunidade, a ação contra a população, principalmente aqueles que são considerados suspeitos de passar informação para órgãos policiais, ou para facções rivais, e é muito comum”, explica o ex-capitão do Bope e especialista em segurança pública, Paulo Storani.
“E a ascensão das mulheres nesse caso, demonstra que elas estão se afinadas com isso, porque se não for desse jeito, não vão obter respeito dos demais. Então, não conseguiria exercer cargos de chefia ou entenda-se, liderança dentro da estrutura. Então, um fenômeno que acho que lamentável nesse caso”, complementa Storani.
2025-07-27 06:00:00