Um é suspeito de planejar o uso de um helicóptero para resgatar presos de uma penitenciária, em 2021; outro, ordenou uma trégua de “guerras e roubo” durante o G20; alguns dão ordens de dentro do presídio. Chefes do segundo escalão da cúpula do Comando Vermelho (CV) estão entre os dez detentos que tiveram os pedidos de transferência solicitados pelo governo estadual para cumprimento de pena em presídios federais: metade deles já esteve antes em unidades federais, mas acabaram voltando para presídios da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap). Apontados pelo governador Cláudio Castro como integrantes da facção que, na terça-feira da última semana, eles teriam comandado, de dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, ações nas ruas do Rio, como o sequestro de ônibus e a instalação de barricadas para interditar vias expressas da cidade.
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As ordens teriam sido dadas em retaliação à megaoperação policial que aconteceu nos Complexos do Alemão e da Penha, quando 113 pessoas foram presas e 117 suspeitos morreram, além de quatro policiais. Apesar de o governo federal já ter disponibilizado as dez vagas em cinco penitenciárias federais, a transferência depende de autorização da Vara de Execuções Penais, do Tribunal de Justiça do Rio, que vai ouvir as defesas dos apenados. O Ministério Público estadual deu parecer favorável.
My Thor, preso há mais de duas décadas
Um dos mais antigos integrantes da facção, Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, é citado em processos como chefe do tráfico no Morro Santo Amaro, no Catete, na Zona Sul. Ele está preso há mais de 23 anos. O primeiro período de prisão de My Thor foi entre 1988 e 1994. Dois anos depois, voltou ao sistema, fugiu e foi recapturado em 2000.
Foi novamente solto e voltou à cadeia em julho de 2006, quando foi condenado a 22 anos e seis meses de reclusão. Durante a condenação, passou 14 anos e dois meses migrando entre o sistema penitenciário federal. Voltou ao Rio de Janeiro em 2021.
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Além de My Thor, há outros quatro detentos que passaram por prisões federais e voltaram para penitenciárias fluminenses. São eles: Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha, do Complexo do Alemão, Alexander de Jesus Carlos, o Choque, traficante de Manguinhos, Eliezer Miranda Joaquim, o Criam, da Baixada Fluminense, e Carlos Vinicius Lirio da Silva, o Cabeça da favela do Sabão, em Niterói.
Este último foi apontado pela Polícia Civil como o mentor de um plano de usar uma aeronave para tirar bandidos da cadeia em Bangu, em 2021. Ele próprio seria um dos alvos do resgate, já que, na ocasião, cumpria pena no Complexo Penitenciário de Gericinó. Seguindo o planejamento, dois homens da quadrilha de Cabeça chegaram a sequestrar um helicóptero durante um voo, em setembro do mesmo ano. O resgate só não ocorreu porque o piloto, que era policial civil, reagiu e lutou com os criminosos. A aeronave acabou pousando em outro local e a dupla fugiu.
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Rian da Marinha, operador de drones
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Também entre os dez criminosos está Rian Mauricio Tavares Mota, o Rian da Marinha. O então cabo da Marinha foi preso em setembro de 2024, por suspeita de operar drones para o Comando Vermelho em uma ofensiva contra milicianos na Gardênia Azul. O equipamento também teria sido utilizado para monitorar operações policiais no Complexo da Penha.
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Já Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho, ganhou notoriedade de outra forma. Condenado por tráfico e homicídio a mais de 50 anos de prisão, ele é apontado como chefe de favelas em várias cidades do Sul Fluminense e porta-voz do CV, sendo responsável por levar as ordens do topo até a base da facção.
Em fevereiro de 2024, Naldinho ordenou aos bandidos do CV uma trégua de roubos e guerras durante as reuniões do G20. As polícias Civil, Militar e Federal e o Ministério Público do Rio (MPRJ) tentam tirá-lo do estado há cerca de um ano. Desde outubro do ano passado, já foram feitos pelo menos quatro pedidos à Vara de Execuções Penais (VEP) por diferentes órgãos para a transferência do preso — até agora, sem sucesso.
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Entre os dez presos há ainda outro representante do interior. Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho, é a pontado em processos como chefe do tráfico do bairro Dom Bosco, em Volta Redonda. Integrante de uma comissão do CV, responde a crimes de tráfico e de homicídio. Ele foi condenado a uma pena de 26 anos de prisão por envolvimento no assassinato de um homem que teve o corpo jogado no Rio Paraíba do Sul.
Léo Barrão, preso ao sair do Alemão
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Já o traficante Leonardo Farinazzo Pampuri, o Léo Barrão, estava foragido havia nove anos, até ser preso em abril deste ano, após sair da favela da Grota, no Complexo do Alemão. Ele é acusado pela Justiça de integrar o CV e de ter comandado o tráfico na Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio.
Apesar de o governo federal já ter disponibilizado as dez vagas em cinco penitenciárias federais, a transferência depende de autorização da Vara de Execuções Penais, do Tribunal de Justiça do Rio, que vai ouvir as defesas dos apenados. O Ministério Público estadual deu parecer favorável.
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Veja abaixo a lista nominal dos dez presos:
- Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho
 - Carlos Vinícius Lírio da Silva, o Cabeça
 - Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor
 - Leonardo Farinazzo Pampuri, o Léo Barrão
 - Riam Maurício Tavares, o Rian da Marinha
 - Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho
 - Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha
 - Wagner Teixeira Carlos, o Waguinho de Cabo Frio
 - Eliezer Miranda Joaquim, o Criam
 - Alexander de Jesus Carlos, o Choque ou Coroa
 
Megaoperação na Penha e no Alemão:
2025-11-04 06:30:00
								
															


