Dois policiais militares denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por integrarem uma organização criminosa e comercializarem armas apreendidas em operações policiais se entregaram à polícia. O capitão Alessander Ribeiro Estrella Rosa, conhecido como Tenente Alessander, e o cabo Diogo Briggs Climaco das Chagas, o Briggs, estão presos na Unidade Prisional da Polícia Militar, antigo Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói. Ambos são acusados de fazer parte do “Novo Escritório do Crime”, um grupo criminoso semelhante ao original com o mesmo nome.
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Briggs foi o primeiro a se entregar, na tarde de segunda-feira (19/05), apresentando-se ao 18º BPM (Jacarepaguá). Na tarde desta terça-feira (20/05), ele passou por audiência de custódia, na qual a Justiça decidiu pela manutenção de sua prisão. Já o capitão Alessander se apresentou na 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na noite desta terça-feira (20/05). Sua audiência de custódia está marcada para esta quarta-feira (21/05).
Segundo a denúncia do MPRJ, ambos forneciam armamento para a organização criminosa comandada pelo ex-policial militar Thiago Soares Andrade Silva, conhecido como Soares, Batata ou Ganso. O grupo atuava de forma semelhante ao “Escritório do Crime” original, chefiado pelo ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020, e por isso recebeu a denominação de “Novo Escritório do Crime”.
Ambos foram alvos de uma operação do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), que visava cumprir mandados contra nove acusados. A operação ocorreu na última quinta-feira (15/05). No entanto, os dois policiais não haviam sido localizados pelo MPRJ e pela Corregedoria da PM, sendo considerados foragidos até se apresentarem.
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As investigações do Gaeco apontaram que Thiago Soares teria ordenado a execução de dois integrantes de um grupo rival. Curiosamente, ambas as quadrilhas, segundo os promotores, atuavam para o mesmo chefe, o contraventor Rogério Andrade, atualmente preso em um presídio federal no Mato Grosso do Sul. O ex-PM é apontado como braço direito de Flávio da Silva Santos, conhecido como Flávio Pepe ou Flávio da Mocidade, presidente da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, que não foi denunciado. Já o outro grupo, conforme as investigações do MPRJ, atuava na contravenção sob o comando do sargento da PM Márcio Araújo, chefe da segurança de Rogério.
Márcio Araújo chegou a ser preso, acusado de recrutar os homens que executaram o contraventor Fernando Iggnácio, rival de Rogério Andrade, mas foi beneficiado por um habeas corpus.
Tanto Flávio como Araújo, segundo o MPRJ, teriam envolvimento em disputas violentas pelo controle de áreas do jogo do bicho na Zona Oeste do Rio. As investigações do Gaeco apontaram para um racha na organização criminosa de Rogério pela disputa de poder. Aparentemente, o contraventor não faz intervenções nas competições internas entre seus funcionários.
Em outubro do ano passado, durante a Operação Fissão, Flávio foi preso em flagrante após tentar se desfazer de uma pistola de uso restrito ao ser alvo de mandado de busca e apreensão em sua residência na Barra da Tijuca. A prisão em flagrante foi posteriormente convertida em preventiva. No entanto, Flávio também acabou sendo beneficiado por um habeas corpus.
Mortes supostamente praticadas pelo ‘Novo Escritório do Crime’
Foram denunciados pelo Gaeco por participação direta nas mortes de Fábio Romualdo e Neri Peres Júnior: o sargento da PM Bruno Marques da Silva, conhecido como Bruno Estilo; Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza, o Rodriguinho; e Anderson de Oliveira Reis Viana, conhecido como Papa ou 2P. Os dois primeiros estão presos, enquanto Viana é considerado foragido da Justiça.
Além de Alessander, Briggs, Bruno, Thiago, Rodrigo, Viana, outros três acusados fariam parte do grupo criminoso. Foram denunciados também pelo Gaeco: o miliciano André Costa Bastos, o Boto; Diony Lancaster Fernandes do Nascimento; e Vitor Francisco da Silva, o Vitinho Fubá. Thiago, Boto e Diony já estavam presos antes da operação do MPRJ, enquanto Vitor continua foragido.
Todos respondem por organização criminosa armada, sequestro e comércio ilegal de armas e munições.
2025-05-21 00:01:00