Disputa política na Baixada Fluminense gera embate entre deputado e Polícia Militar

O deputado estadual Marcelo Dino (União), que faz parte da base do governo Cláudio Castro (PL), enviou um ofício à Polícia Militar com críticas ao coronel Fábio Reis, comandante do 15º BPM (Duque de Caxias). No texto ele afirma estar


O deputado estadual Marcelo Dino (União), que faz parte da base do governo Cláudio Castro (PL), enviou um ofício à Polícia Militar com críticas ao coronel Fábio Reis, comandante do 15º BPM (Duque de Caxias). No texto ele afirma estar sofrendo “resistência e discriminação” do oficial, que teria negado apoio às fiscalizações do parlamentar. O ofício, pouco usual pelo seu teor de críticas de um deputado governista, expõe uma disputa eleitoral entre Dino e a família Reis na cidade com o 2º maior colégio eleitoral do Rio.

  • Criminoso que matou agente da Core marido de juíza morre em confronto com a polícia na Ladeira dos Tabajaras, na Zona Sul do Rio
  • Crime no Cefet: homem que matou diretora e psicóloga era CAC e usou pistola registrada para executar crime

Apesar do sobrenome igual, o coronel não possui parentesco com o prefeito de Caxias Netinho Reis (MDB) ou o cacique do grupo Washington Reis. Nos bastidores da política fluminense, as críticas recentes de Dino ao comandante são ligadas a expansão de projetos de Segurança Pública da prefeitura em redutos eleitorais do deputado. O principal é o Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), em que municípios custeiam as horas extras de policiais militares, que reforçam o policiamento em dias de folga.

Duas bases foram inauguradas recentemente em áreas com base eleitoral de Dino: Pilar e Pantanal. Ao GLOBO, o deputado negou que suas críticas ao comando do batalhão tenham relação com a inauguração das bases, mas diz que foi uma resposta política a sua cobrança por mais segurança na região:

— O Proeis só veio depois que comecei a bater e, politicamente, eles têm o poder de contratar. Essa questão política está partindo da família Reis, não de mim. Sou um parlamentar, represento a população. Hoje eu não consigo o auxílio da polícia militar para entrar em qualquer lugar. Como eu não vou ter o apoio da polícia (nas fiscalizações)? — diz Dino.

No ofício enviado à PM, Dino alega ainda que tem recebido ameaças por sua atuação como membro da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e por coordenar a Frente Parlamentar de Acompanhamento das Ações de Ocupação de Território: “(A falta de apoio) é extremamente grave, pois compromete minha segurança pessoal e prejudica no exercício legítimo das minhas atribuições”, escreve o deputado.

Nesta segunda-feira, o coronel Fabio Reis respondeu aos questionamentos à cúpula da PM. Em ofício, o oficial negou qualquer discriminação ou resistência sua e da tropa. Ele diz ter atendido todas as “demandas institucionais apresentadas do parlamentar nos limites da legalidade, da técnica policial e das normativas vigentes que regulam operações em áreas sensíveis”.

No documento, o coronel diz seguir as diretrizes da corporação e do que foi instituído pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 635 (ADPF das Favelas) para operações em favelas. Ainda afirma ser necessário 24 horas a partir do pedido formal de apoio do parlamentar para o batalhão avaliar riscos, disponibilizar efetivo adequado e estruturar o planejamento operacional: “o 15º BPM permanece à disposição para colaborar com todas as ações institucionais de interesse público, dentro dos limites legais e operacionais, priorizando sempre a segurança da população e das equipes envolvidas”, conclui o oficial.

O deputado confirmou que já solicitou apoio fora desse prazo e que já foi atendido, mas deixou de ser recentemente. Em suas redes sociais Dino, que é soldado da PM, já publicou vídeos com colete à prova de balas e armado durante operações ou denunciando barricadas em Duque de Caxias.

— Eu sou um político que vou ao local. Não vou só fazer “like”. Busco resultado. O “like” e o voto são consequências. Fiscalização avisada não vale — rebateu

Procurada, a Polícia Militar não respondeu. Em nota, a prefeitura de Duque de Caxias disse que “todos os programas voltados à segurança da população são planejados com base nos dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) e decisões estratégicas são tomadas em conjunto com o 15º Batalhão”.

“Os locais definidos para as ações são pontos estratégicos, escolhidos para coibir a circulação de criminosos entre as comunidades do município e também entre Duque de Caxias e Belford Roxo.”, completa a nota da prefeitura.



Conteúdo Original

2025-12-03 07:00:00

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE