CV montou escritório financeiro do crime e de lazer em favela de Santa Teresa, no Rio

A Polícia Civil descobriu, nesta segunda-feira, um prédio de quatro andares, equipado com churrasqueira e hidromassagem, que funcionava como escritório financeiro e centro de lazer de bandidos da facção criminosa Comando Vermelho (CV), em Santa Teresa, na Região Central do


A Polícia Civil descobriu, nesta segunda-feira, um prédio de quatro andares, equipado com churrasqueira e hidromassagem, que funcionava como escritório financeiro e centro de lazer de bandidos da facção criminosa Comando Vermelho (CV), em Santa Teresa, na Região Central do Rio. O edifício é localizado no Morro Fallet/Fogueteiro, e foi encontrado por policiais da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), durante uma ação deflagrada para tentar prender o traficante Paulo César Baptista de Castro, conhecido como Paulinhozinho ou Paulinho Fogueteiro. No imóvel, a polícia apreendeu, entre outras coisas, três quilos de maconha, joias, celulares e um notebook.

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Apesar de dinheiro não ter sido encontrado no local, nesta segunda-fera, imagens anexadas a uma investigação da Desarme dão uma ideia das quantias movimentadas no imóvel. Numa delas, nada menos que 11 maços de notas, de R$ 100, R$ 50 e R$ 20, estão posicionadas em uma mesa ao lado de uma máquina de contar dinheiro e de um copo com uma bebida que parece ser uísque.

Veja local onde funcionava setor de contabilidade e lazer do CV

Em outra, uma garrafa aparentando ser da mesma bebida também é vista ao lado de amarrados de maços de cédulas diversas. Segundo a polícia, os celulares e o notebook apreendidos serão analisados e periciados. O objetivo é o de recolher mais pistas que ajudem a identificar integrantes do grupo criminoso. Uma mulher, de 35 anos, que seria do Estado do Amazonas, foi presa no prédio, durante a ação da Desarme. Segundo os investigadores, ela seria suspeita de ser a responsável pela contabilidade do bando, além de servir como uma espécie de elo do CV com o tráfico do Norte do país.

Com 93 anotações criminais e pelo menos quatro mandados de prisão expedidos em seu nome pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Paulinho Fogueteiro conseguiu fugir. Ele estava em outro imóvel da comunidade e teria se aproveitado do fato de que policiais tiveram de enfrentar forte tiroteio para conseguir chegar até ao local que servia como seu esconderijo.

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Integrante do primeiro escalão do Comando Vermelho e chefe do tráfico no Fallet/Fogueteiro, Paulinho, segundo a polícia, é responsável pela caixinha do CV, especie de fundo usado pelos criminosos para a compra de armas e munição e ainda para financiar atividades expansionistas, como, por exemplo, tentativas de invasão a territórios controlados por facções rivais.

— Ele (Paulinho) tem um papel fundamental dentro da facção. É um dos administradores da caixinha do CV. Já o prédio funcionava como uma espécie de centro de lazer e de finanças da quadrilha— explicou o delegado Luís Otávio Franco, da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).

CV montou escritório finaceiro do crime e de lazer em favela do Rio — Foto: Reprodução
CV montou escritório finaceiro do crime e de lazer em favela do Rio — Foto: Reprodução

Segundo a polícia, Paulinho é um traficante discreto que não gosta de chamar a atenção. Assistencialista, ele tenta manter uma boa relação com os moradores do Fallet/Fogueteiro. Santa Teresa concentra ainda outras comunidades como o Morro dos Prazeres. Esta última, tem territórios controlados por Claudio Augusto dos Santos, o Jiló dos Prazeres. Também integrante do CV, ele tem dez mandados de prisão expedidos em seu nome, segundo dados do site do Conselho nacional de Justiça(CNJ).

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As duas comunidades tem acessos localizados próximo de um dos caminhos que leva até o Corcovado. Em dezembro, um turista argentino, Gastón Fernando Burlón, morreu após ser baleado ao entrar por engano no Morro dos Prazeres enquanto tentava acessar a trilha do Corcovado. Ele estava a caminho do Cristo Redentor e o GPS o teria direcionado para essa área. Burlón foi atingido na cabeça e no tórax e faleceu dias depois, após estar internado.

Material apreendido em Santa Teresa durante ação deflagrada para tentar prender Paulinho Fogueteiro — Foto: Reprodução
Material apreendido em Santa Teresa durante ação deflagrada para tentar prender Paulinho Fogueteiro — Foto: Reprodução

Segundo a polícia, Paulinho é um traficante discreto que não gosta de chamar a atenção. Assistencialista, ele tenta manter uma boa relação com os moradores do Fallet/Fogueteiro. Santa Teresa concentra ainda outras comunidades como o Morro dos Prazeres. Esta última, tem territórios controlados por Claudio Augusto dos Santos, o Jiló dos Prazeres. Também integrante do CV, ele tem dez mandados de prisão expedidos em seu nome, segundo dados do site do Conselho nacional de Justiça(CNJ).

Investigações mostram que o Fallet-Fogueteiro e o Morro dos Prazeres foram transformados em algo parecido com um polo logístico e financeiro do CV. Ali, drogas são estocadas, armas escondidas e cargas roubadas acabam sendo escoadas.

Comunidade Fallet-Fogueteiro, na Região Central do Rio, é alvo de operação da Polícia Civil — Foto: Reprodução/TV Globo
Comunidade Fallet-Fogueteiro, na Região Central do Rio, é alvo de operação da Polícia Civil — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) pela Universidade Federal Fluminense, a diversificação de crimes é uma tendência que vem sendo adotada pelo tráfico no Rio — uma prática que pode ter sido inspirada em cartéis mexicanos e grupos criminosos de outros países:

— A diversificação é uma tendência não só aqui no Brasil. É uma tendência da criminalidade organizada do mundo. Os grupos mais tradicionais são máfias italianas, que já vêm diversificando sua atuação há muitas décadas; as máfias russas também, e os cartéis mexicanos, que são mais similares às facções aqui do Rio de Janeiro — afirmou Hirata.



Conteúdo Original

2025-05-13 04:30:00

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