‘Comete um crime desse porte e vai treinar?’; vídeo

Apontado como autor dos disparos de arma de fogo que mataram Laudemir de Souza Fernandes em Belo Horizonte, o empresário René da Silva Nogueira Júnior teve a sua prisão em flagrante convertida em preventiva nesta quarta-feira. Durante a audiência de


Apontado como autor dos disparos de arma de fogo que mataram Laudemir de Souza Fernandes em Belo Horizonte, o empresário René da Silva Nogueira Júnior teve a sua prisão em flagrante convertida em preventiva nesta quarta-feira. Durante a audiência de custódia, o juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno destacou a conduta de Nogueira após o crime.

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Segundo as investigações, o empresário disparou contra o gari após uma discussão de trânsito no Bairro Vista Alegre.

— Todo esse contexto demonstra uma personalidade, uma periculosidade social do agente em relação à gravidade dos crimes. E, ainda chama atenção, que depois ele foi, ao que tudo indica, preso na academia. Quer dizer, comete um crime desse porte e vai treinar na academia? — disse Damasceno ao determinar que o empresário continue preso.

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René foi embora de “forma tranquila” do local do crime, após efetuar os disparos, segundo os investigadores. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, os agentes da Polícia Civil de Minas Gerais disseram que o suspeito foi para a academia e ainda passeou com os cachorros após o episódio.

— Ele relatou o dia dele, que saiu de casa às 8h07, contou do itinerário na empresa e o do almoço, onde ele retornou à casa dele. Teria trocado de roupa, desceu com os cachorros para passear com os cachorros e depois foi para a academia, onde foi abordado — contou o delegado Evandro Radaelli, afirmando ainda que o empresário negou qualquer participação no crime.

Segundo a polícia, mesmo alterado por conta da discussão, o empresário não mostrou desespero ou nervosismo após o assassinato. As afirmações dos delegados foram baseadas nos depoimentos colhidos com os garis que trabalhavam no local:

— Todas as testemunhas foram uníssonas ao afirmar que o autor estava muito alterado. Eles pediram paciência para o autor, porque era uma rua estreita com carros estacionados dos dois lados, mas ele não quis esperar. Começou a esbravejar, a motorista manobrou o caminhão e pediram para ele passar. Ele passou, freou o carro bruscamente, voltou e deu um golpe na arma. O carregador caiu, ele reinseriu o carregador, apontou para a vítima, disparou e foi embora caminhando de forma tranquila, mas com aquele semblante de bravo — relatou o delegado Matheus Moraes Barros.

Durante a audiência de custódia, o empresário relatou como foram seus primeiros momentos detido. O executivo contou ao juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno que passou por uma “situação constrangedora” enquanto estava no Centro de Remanejamento (Ceresp) Gameleira.

— A situação está boa, mas só teve uma situação ontem [dia 12] que foi um pouco constrangedora. Eu tenho o nome da pessoa que pediu para eu agachar três vezes quando eu saí da cela. Tinha algumas agentes junto que começaram a falar: ‘Tu matou o gari por quê? Você fez isso, covarde’. Eu falei: ‘Cara, primeiro vocês têm que entender que tem uma investigação em curso — destacou.

Na audiência, René também disse ter sido fotografado enquanto estava sob custódia e relatou ter dormido “no chão. Ele foi preso na terça-feira, horas depois de, segundo a polícia, abrir fogo contra garis numa briga de trânsito no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte (MG). O juiz Damasceno determinou que o detento recebesse um colchão e não pudesse ser fotografado na unidade prisional. O magistrado ordenou, ainda, que o executivo receba o atendimento médico e medicamentoso “que se fizer necessário”, já que relatou fazer uso de medicação controlada.

Em sua decisão, Damasceno relatou a sequências de fatos, desde os disparos contra Laudemir até a prisão de René. O juiz disse que, de acordo com a Polícia Militar, as equipes receberam um chamado por volta das 9h desta terça “para uma ocorrência de homicídio decorrente de uma discussão de trânsito no Bairro Vista Alegre”. Ao chegarem ao local, os agentes encontraram o gari ferido e o levaram para o Hospital Santa Rita, em Contagem, onde a morte foi declarada.

Por meio de câmeras de segurança, os policiais conseguiram identificar a marca, o modelo e as iniciais da placa do veículo utilizado. A motorista do caminhão de lixo que trabalhava na hora do crime com Laudemir forneceu mais uma letra e os dois últimos números da placa, o que permitiu a identificação do carro.

“Em posse das características do autor e da placa do veículo, iniciou-se um intenso rastreamento. O veículo foi localizado trafegando na Avenida Raja Gabaglia, sendo o condutor, um homem claro, alto e forte, compatível com a descrição do autor do disparo. A abordagem ocorreu no estacionamento de uma academia na mesma avenida”, disse o juiz.

O suspeito negou envolvimento no crime, mas, ao ser questionado, disse ser casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, da PCMG. Ele admitiu ainda que na residência do casal havia uma arma de fogo calibre .380, do mesmo calibre das munições encontradas no local do crime. Uma foto do abordado foi enviada às testemunhas, que o reconheceram como o autor do disparo.

A mulher do suspeito compareceu ao local da abordagem, se identificou como delegada e autorizou buscas no veículo. Nada de ilícito foi encontrado. As testemunhas disseram aos policiais que o autor do crime se irritou “com a retenção do trânsito” e passou a fazer ameaças. Ele deixou o carregador cair e o recolocou na arma, o que gerou a ejeção de uma munição intacta, antes de atirar no gari.

As testemunhas afirmaram que não houve discussão e que apenas tentavam auxiliar o autor a passar com seu veículo.

“O crime foi cometido em plena luz do dia, por motivo fútil, uma aparente irritação decorrente de uma breve interrupção no trânsito causada por um caminhão de coleta de lixo. A desproporcionalidade e a frieza da ação, na qual o autuado, após uma breve discussão, deliberadamente sacou uma arma de fogo, a preparou para o disparo e atirou contra um trabalhador que exercia seu ofício, uma atividade pública essencial de limpeza da cidade, demonstram uma periculosidade acentuada e um total desrespeito pela vida humana. Tal conduta abala profundamente a tranquilidade social e gera um sentimento de insegurança na comunidade, indicando que a liberdade do autuado, neste momento, representa um risco real à ordem pública”, destacou o juiz, sobre a necessidade de manter a prisão.



Conteúdo Original

2025-08-15 03:30:00

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