Vinte e quatro horas após ter sido alvo de um atentado, quando teve o Porsche Taycan Turbo blindado que dirigia atingido por mais de 30 tiros numa das vias mais movimentadas da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, o contraventor Vinicius Drumond, filho do falecido bicheiro Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond, prestou depoimento por mais de três horas, neste sábado (12/7), na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Apontado como integrante da nova cúpula do jogo do bicho, ele entrou e saiu da especializada sem falar com jornalistas sobre o caso.
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O atentado aconteceu por volta das 11h desta sexta-feira (11/7), na Avenida das Américas, nas proximidades do VillageMall, na Barra da Tijuca. Os bandidos emparelharam um veículo ao lado do Porsche e dispararam tiros de fuzil. Apesar dos disparos, Vinicius foi ferido apenas por estilhaços.
Vinicius chegou na DHC no fim da manhã de sábado. Ele estava acompanhado de dois homens, e um deles seria um advogado. O filho de Luizinho Drumond integra com os bicheiros Adilson Oliveira Coutinho, o Adilsinho, que está foragido, e Rogério Andrade, preso desde outubro, a chamada “Santíssima Trindade”, grupo criado para fazer frente à antiga cúpula da contravenção, conforme informou o Blog Segredos do Crime, do GLOBO. Os homens que dispararam os tiros contra o veículo de luxo conduzido pelo bicheiro estavam em um Honda HR-V, encontrado abandonado pouco depois do crime, próximo a um matagal, em Guaratiba, também na Zona Oeste. O veículo também era blindado e tinha seteiras, que são buracos feitos nos vidros da lateral direita por onde passavam canos de fuzis usados para fazer os disparos do interior do automóvel. A polícia trabalha com a hipótese de que três homens teriam participado da ação.
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Segundo o RJTV, após abandonar o veículo em Guaratiba, os bandidos roubaram um carro e sequestraram a mulher que dirigia o automóvel. Ela foi libertada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O HR-V usado no atentado foi levado para o pátio da DHC e passou por uma perícia datiloscópica. O exame foi feito para tentar encontrar digitais dos envolvidos no ataque ao contraventor.
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A união de Vinicius Drumond aos bicheiros Rogério de Andrade e Adilsinho está apontada em um relatório de investigação da DHC sobre o homicídio, em 2022, de Marquinho Catiri, miliciano fuzilado por homens encapuzados ao sair de uma academia numa favela na Zona Norte do Rio. De acordo com o documento, o crime tem relação com “a tomada dos pontos de jogo explorados pelo contraventor Bernardo Bello”, que está foragido.
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Mas a aliança não durou muito. Adilsinho e Vinicius já vinham se desentendendo desde meados de 2024. Vinicius não teria aceitado a saída de Manuel Agostinho Rodrigues Miranda — ex-braço direito de seu pai e responsável pela gestão dos bingos da família — para o lado de Adilsinho. O funcionário alegou que se aposentaria, o que não era verdade.
Em setembro daquele ano, Agostinho foi assassinado em Del Castilho, na Zona Norte, dentro de um carro blindado. Os criminosos dispararam, pelo menos, 38 tiros em direção à porta do motorista. O impacto foi tão violento que a maçaneta foi arrancada, o que permitiu a entrada das balas no veículo. Os investigadores da DHC têm como principal linha de investigação o envolvimento de Vinicius no homicídio.
Adilsinho, por sua vez, não teria deixado o caso passar em branco. A polícia investiga o homicídio do ex-PM André da Silva Aleixo, segurança de Vinicius, no mês seguinte, como um possível acerto de contas. A “Santíssima Trindade” teria ficado ainda mais vulnerável após a prisão de Rogério, que está há nove meses na Penitenciária de Campo Grande (MS).
Mas a polícia não descarta outras hipóteses para o ataque, já que Vinicius aparece em mais investigações. Ele foi o principal alvo da Operação Ouro Negro, contra uma quadrilha acusada de furtar petróleo de dutos enterrados da Petrobras, a fim de revendê-lo para usinas de asfalto e indústrias de materiais plásticos. Também é citado no inquérito que apura a morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, em fevereiro de 2024. Um dos presos pelo crime, um policial militar, seria segurança do bicheiro.
Vinicius herdou do pai pontos do jogo do bicho na região da Leopoldina, que compreende bairros como Ramos, Manguinhos, Maré, Penha, Parada de Lucas e Vigário Geral. No mundo do carnaval, chegou a ser vice-presidente da Imperatriz Leopoldinense, mas se afastou da escola, hoje presidida por sua irmã Cátia Drumond. Esta semana ele foi anunciado como patrono da Em Cima da Hora, escola da Série Ouro.
2025-07-12 14:07:00