Ao menos três casos de intoxicação por metanol em SP estão ligados a fábrica clandestina de família no ABC, diz polícia

— A principal hipótese é que a fábrica da Vanessa que distribui para a maioria dos lugares. Nós já constatamos três lugares que ela distribui, outros estão sendo checados [… ]. A gente tem o apontamento de três casos oriundos


— A principal hipótese é que a fábrica da Vanessa que distribui para a maioria dos lugares. Nós já constatamos três lugares que ela distribui, outros estão sendo checados [… ]. A gente tem o apontamento de três casos oriundos de bebidas que saíram da fábrica da Vanessa. Temos mais quatro casos, alguns em São Bernardo, em Osasco. Não é uma quantidade enorme de mortes, são seis mortes, o que é extremamente grave, mas duas a gente já comprovou que saiu dali e uma pessoa que está cega, também. Essas outras quatro mortes a gente vai constatar (a origem) ainda. Pode ser que tenha saído da fábrica dela também. A investigação continua. Mas o primeiro ciclo dessa cadeia criminosa foi fechado com a operação de hoje — afirmou o delegado-geral de SP, Artur Dian.

Nesta sexta-feira, a polícia identificou dois postos de combustíveis suspeitos de fornecer etanol — que estava adulterado com metanol — aos falsificadores de bebidas da fábrica dos familiares de Vanessa. Localizados em Santo André e São Bernardo do Campo, ambos cidade do ABC, os dois estabelecimentos pertencem a bandeiras de distribuidoras diferentes. Os investigadores apuram se os responsáveis pela falsificação sabiam ou não que o combustível estava misturado com metanol, que provocou a onda intoxicação no estado após ser adicionada a destilados falsificados.

— A gente segue para a segunda etapa. Já constatamos que saiu metanol do posto, passou pela fábrica clandestina, (foi para) representante, distribuidor, bar e infelizmente causou essas mortes, então conseguimos fechar esse ciclo — completou Dian.

  • Principal suspeita: polícia acredita que etanol comprado em posto e batizado com metanol foi usado em bebidas adulteradas
  • PF: Operação rastreia origem do metanol em bebidas alcoólicas

Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Civil cumpriu novos mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família de Vanessa. O pai, o ex-marido e uma mulher próxima a ela foram alvos da operação. O GLOBO não conseguiu contato com as defesas dos suspeitos, mas o espaço está aberto a manifestações. Também foi identificado um “garrafeiro” que fornecia vasilhames usados pelo grupo.

De acordo com as investigações, a família teria vendido a bebida falsificada que levou Claudio Baptista ao hospital, após ele apresentar sintomas graves de intoxicação. O produto foi consumido em um bar na região da Saúde, zona sul da capital. O grupo também é apontado como responsável pelos casos de Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, e Marcos Antônio Jorge Junior, de 46, que morreram após ingerir metanol.

Segundo Dian, a polícia investiga se a fábrica chegou a enviar bebidas para outros estados, onde também foram identificados casos suspeitos, ou se as ocorrências não tem ligação. Apesar casos serem investigados em Pernambuco, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio Grande do Sul, Alagoas, Goiás e Paraná, foi São Paulo quem registrou mais ocorrências e mortes. Ao todo, o estado contabiliza 28 casos confirmados, além dos 100 em investigação.

O delegado também voltou a negar que o crime organizado tenha participação direta no esquema. Ele explicou que há dois tipos de delitos distintos: “da bomba (de combustível) para trás” e “da bomba para frente” — ou seja, a adulteração de combustíveis e a falsificação de bebidas seriam crimes diferentes. O governo tem desvinculado a crise com a atuação do crime organizado desde o início da onda de intoxicações, embora associações de bares e restaurantes tenham levantado a hipótese de que o “excesso” de metanol (que é proibido) nos postos é resultado da Operação Carbono Oculto, que atuação do PCC na cadeia de combustíveis, em setembro.



Conteúdo Original

2025-10-17 14:33:00

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