Allan Turnowski, ex-secretário de Polícia Civil, deixa prisão após decisão judicial | Rio de Janeiro

Allan Turnowski no dia em que deixou a prisão em Niterói, pela primeira vez, em setembro de 2022 – Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia Allan Turnowski no dia em que deixou a prisão em Niterói, pela primeira vez, em




Allan Turnowski no dia em que deixou a prisão em Niterói, pela primeira vez, em setembro de 2022Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio – A Justiça do Rio determinou, nesta terça-feira (17), a soltura de Allan Turnowski, ex-secretário de Polícia Civil do Rio, preso desde 6 de maio, quando se entregou após o Supremo Tribunal Federal (STF) restabelecer sua prisão preventiva. Ele deixou a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, às 15h45, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).

Turnowski é réu por associação criminosa, acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho. A decisão pela liberdade condicional do delegado é do desembargador Marcius da Costa Ferreira, da Sétima Câmara Criminal.

Dentre outras justificativas para conceder o habeas corpus, o desembargador alegou que os crimes atribuídos a Turnowski, embora graves, foram “cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa” e que o réu já vinha cumprindo satisfatoriamente medidas cautelares desde 2022. A propósito, ele terá que seguir atendendo a tais condições. São elas:

– não acessar repartições da Polícia Civil e/ou da Secretaria de Segurança Pública do estado;

– não entrar em contato com outros denunciados por qualquer meio;

– manter-se no país;

– entregar o passaporte perante Juízo de origem.

Envolvimento com bicheiros e obstrução de justiça

O delegado foi preso inicialmente em setembro de 2022, em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), por envolvimento com o jogo do bicho. A ação também teve como alvo o ex-delegado Maurício Demétrio, que já estava preso. À época, as investigações apontaram que o então secretário recebeu propina da contravenção e participou de um plano para matar o bicheiro Rogério Andrade. Ele é réu por organização criminosa, corrupção e violação de sigilo funcional.

Segundo o Gaeco, Turnowski atuava como agente duplo na disputa entre bicheiros e aproveita seus vínculos com integrantes do grupo de Rogério de Andrade, como Ronnie Lessa, para repassar informações para Demétrio, em benefício da quadrilha liderada por Fernando Iggnácio. Os delegados ainda tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, meios de chegarem a cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores.

Na ocasião em que foi preso, o delegado era candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL) e já havia sido afastado do cargo de secretário de Polícia Civil, por conta das eleições daquele ano. A poucos dias do pleito, o ministro Nunes Marques concedeu liberdade a Turnowski e substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares. Antes, a Justiça já tinha negado três pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa dele.
Em novembro do mesmo ano, a Justiça aceitou a denúncia do MPRJ por obstrução de justiça, por ele atrapalhar as investigações contra uma organização criminosa que cobrava propina de comerciantes da cidade de Petrópolis, na Região Serrana no Rio, da qual o ex-delegado Maurício Demétrio foi preso acusado de ser líder. As investigações apontaram indícios de que a dupla adotava técnicas e rotinas cuidadosas para evitar o rastreamento de conversas de conteúdo sensível. Os diálogos foram encontrados no celular de Maurício Demétrio. Contudo, o aparelho do ex-secretário nunca foi localizado.

De delegado a secretário de Polícia Civil

Allan Turnowski estava há 27 anos na Polícia Civil quando foi preso, em 9 de setembro de 2022. Em sua passagem, ele foi diretor de Polícia da Capital e Especializada, além de titular das delegacias de Roubos e Furtos de Carga (DRFC); Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Ele também foi delegado da Corregedoria Interna e da 16ª DP (Barra da Tijuca), além de várias distritais do interior do estado.

Entre 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral, Turnowski foi chefe da Polícia Civil, mas deixou a pasta depois que uma investigação da Polícia Federal apontou que ele teria vazado uma operação. O delegado chegou a ser indiciado por quebra de sigilo funcional, baseado na gravação de uma conversa com um inspetor da instituição preso pela PF na Operação Guilhotina. Entretanto, o MPRJ arquivou o inquérito, depois de concluir que não havia comprovação de que ele tinha conhecimento prévio sobre a ação.

Em 2020, o delegado foi nomeado secretário de Estado de Polícia Civil, cargo que ocupou até março de 2022, quando se licenciou para concorrer nas eleições pelo Partido Liberal (PL). Em sua gestão, a instituição deu início à uma força-tarefa de combate à milícias, que prendeu mais de mil criminosos e causou prejuízo de cerca R$ 2,5 bilhões a grupos paramilitares. Também na chefia dele, a instituição realizou a operação mais letal da história do Rio, na favela do Jacarezinho, Zona Norte, que terminou com a morte de 28 pessoas, entre elas, um policial civil.

A reportagem do DIA tenta contato com a defesa de Allan Turnowski. O espaço está aberto para manifestação.



Conteúdo Original

2025-06-17 17:11:00

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