O sonho da casa própria está tomando forma para as famílias do Jardim das Paineiras, no bairro do Badu, que conheceram, nesta semana, os apartamentos onde vão morar. O conjunto habitacional, com 540 unidades, foi contratado em 2014 pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, do Ministério das Cidades, mas ficou com as obras paralisadas por anos devido à falência da construtora responsável. A retomada só foi possível graças ao investimento de R$ 15,4 milhões da Prefeitura de Niterói, além da articulação com o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal para a contratação de uma nova empresa. Até o final de outubro, todas as famílias estarão de casa nova.
“Esse projeto simboliza a luta por moradia digna. Concluímos uma obra que estava parada há anos e agora ela está prestes a se tornar realidade para centenas de famílias. Ninguém quer morar em áreas de risco ou em casas sem condições de dignidade. Construímos não apenas apartamentos, mas dignidade, segurança e futuro. Cada família que vai morar nesse empreendimento carrega uma história de luta. Nosso papel é transformar essas histórias”, declarou o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.
Entre as famílias que fizeram a vistoria está Flávia Souza dos Santos, de 38 anos, moradora do Boa Esperança, em Itaipu, que trabalha em uma perfumaria. Ela visitou o novo apartamento junto com o marido e o filho. Flávia, que também tem uma filha de apenas 2 anos, contou que, em 2016, uma pedra caiu sobre a casa onde vivia e o local foi condenado.
“Há cinco anos eu aguardava por esse apartamento. Foi um baque muito grande ver o que aconteceu no Boa Esperança, porque moro naquela região há 40 anos, conhecia todos os vizinhos e acompanhei de perto as perdas que aconteceram. Desde então, vivi de aluguel, na correria de pagar contas e sabendo que a casa não era minha. Hoje, quando entrei aqui, agradeci muito a Deus. É tudo novo, e a gente tem que abraçar o novo. Este lugar vai ser o nosso recomeço”, disse emocionada.
Aos 77 anos, Maria José da Silva carrega uma ligação especial com o local do novo lar. Em 2010, sua casa no Sapê, localizada à beira de um barranco, rachou com os deslizamentos de terra e foi interditada pela Defesa Civil.
“Recebi o aluguel social e, com o tempo, já pensava que esse apartamento nem ia sair mais. Quando cheguei aqui e vi que era na continuação da rua onde nasci e fui criada, senti que era como voltar para casa. É uma felicidade imensa ver que, depois de tantos anos, vou ter novamente um lugar seguro para viver”, disse.
Letilde Severo da Silva, de 38, ajudante de cozinha e moradora da Ponta D’Areia, também conheceu de perto seu futuro lar no Jardim das Paineiras, pelo Minha Casa, Minha Vida. O prédio onde morava foi condenado pela Defesa Civil há mais de 15 anos e ela divide uma pequena kitnet com dois dos seus três filhos.
“Na época, a Associação de Moradores organizou junto com a Prefeitura o cadastro das famílias, e desde então eu estava na expectativa. Hoje, estar aqui, fazendo a vistoria de um apartamento que vai ser meu, é indescritível. Meus filhos estão ainda mais ansiosos que eu e falam todos os dias da casa nova. Aqui eles vão ter um quarto só para eles, com uma cama para cada um. É uma mudança que vai transformar nossa vida”, contou.
Sueli Gomes Jesus, 40 anos, mora de aluguel no Ingá com a filha e a neta. Ela lembra que se inscreveu no Minha Casa, Minha Vida há cerca de seis anos, no Terminal Rodoviário, junto com a irmã.
“Depois de tantos anos esperando, receber a ligação avisando que tinha sido sorteada foi uma emoção enorme. Eu gostei muito dos apartamentos e de toda a estrutura. Espero que tudo dê certo e que a gente seja muito feliz aqui”, ressaltou.
Para a cuidadora de idosos Marli Moreira Benedito, de 60 anos, a conquista significa também segurança para cuidar da filha de 17 anos, que tem síndrome de Down. Em 2010, ela morava no Cubango, próximo ao Morro do Bumba, e teve a casa interditada em após as fortes chuvas da época. Desde então vive de aluguel, em Santa Rosa.
“Eu fiz a inscrição para os empreendimentos sociais da Prefeitura logo depois da tragédia. Confesso que fiquei apreensiva antes de vir conhecer o novo endereço, mas gostei bastante. O acesso é fácil e acredito que vamos nos adaptar. Esse apartamento veio na hora certa. Estou me preparando para aposentar em alguns anos e, pagando aluguel, não daria para fazer planos. Agora teremos liberdade para organizar nossa vida e o futuro”, afirmou.
A secretária de Habitação e Regularização Fundiária, Marcele Sardinha, destacou que o Jardim das Paineiras é o primeiro empreendimento de habitação de interesse social da cidade totalmente acessível.
“É uma honra trabalhar numa gestão que entende moradia popular de qualidade como um direito constitucional. Além da infraestrutura completa no entorno, as unidades foram pensadas para garantir acessibilidade, conforto e segurança às famílias beneficiadas”, afirmou.
Investimento e urbanização do entorno
Além dos recursos para a retomada da obra, a Prefeitura de Niterói está finalizando obras de drenagem, pavimentação e requalificação das vias no entorno do conjunto, com investimento de cerca de R$ 6 milhões por meio da Empresa de Infraestrutura e Obras de Niterói (ION).
Com padrão construtivo de qualidade, acessibilidade total e infraestrutura completa, o Jardim das Paineiras é mais do que um conjunto habitacional: é um marco da política habitacional de Niterói, fruto da parceria entre Prefeitura, Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal.
Mais de 2 mil famílias beneficiadas
Nos últimos anos, 2.057 famílias em situação de vulnerabilidade foram contempladas com novas moradias dentro dos programas habitacionais da cidade. Em parceria com a Prefeitura e pelo Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), foram entregues unidades nos empreendimentos Caramujo (600 unidades habitacionais), Bento Pestana, no Baldeador (500 UH), Zilda Arns, no Fonseca (374 UH), Vivendas do Fonseca (200 UH) e Venda da Cruz (110 UH), estas últimas cedidas pelo município de São Gonçalo. Além disso, vítimas do deslizamento no Morro do Bumba foram reassentadas nos conjuntos Residencial Várzea das Moças (93 UH) e Viçoso Jardim (180 UH), originalmente do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e posteriormente incorporados ao PMCMV, cedidos pelo Governo do Estado.
Foto: Luciana Carneiro
2025-08-15 19:20:00