Maricá: festival internacional de poesia chega ao fim com discussões sobre a poesia como educação e resistência

Festival Rio de Versos. Foto: Bernardo GomesBaixar PDF A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura e das Utopias, encerrou o festival internacional de poesia Rio de Versos, neste domingo (2/11). Um final que celebrou a



Festival Rio de Versos. Foto: Bernardo Gomes

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A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura e das Utopias, encerrou o festival internacional de poesia Rio de Versos, neste domingo (2/11). Um final que celebrou a poesia como força política, educativa e sensível em duas mesas de conversa, duas rodadas de apresentações de poetas e a exibição de um longa, além da animada apresentação do Céu Na Terra no palco armado na Praça Orlando de Barros Pimentel.

Abrindo a tarde, Sady Bianchin, poeta e secretário de Cultura e das Utopias de Maricá, destacou as três décadas dedicadas à construção de uma política de cultura:

“Esta primeira mesa é de importância fundamental porque reúne projetos que formam pessoas, formam leitores desde dentro da escola. Temos Ademir Bacca (do Congresso Brasileiro de Poesia), Aroldo Pereira (Psiu Poético) e João do Corujão. O festival internacional da poesia é inspirado nesses movimentos, em todos esses movimentos, desde a primeira vez nos anos 1990”, elencou Sady.

A mesa falou sobre a formação de leitores e a relação que se dá, hoje, dos saraus e grupos de poesia com as novas plataformas digitais.

“O início de tudo é na escola. É lá que tem que ter início qualquer evento cultural, com as crianças nas salas de aula. Se você não forma o leitor lá, ele nunca será formado. Vai ser um adulto que não tem esse hábito”, indicou Aldemir Bacca.
João do Corujão ressaltou que, agora, há outras formas de entrar nas escolas:

“A tecnologia é meu xodó hoje. Quando a pandemia chegou eu não sabia nem abrir o Zoom. Agora, se eu precisar ir para qualquer lugar do mundo, tenho parada. A gente chega a outros países, a outras pessoas, a gente entra nas escolas porque os professores colocam para os alunos pelo YouTube. A rede social não me deixa mais angustiado porque aprendi a usar. Quando parei de reclamar dela, virou minha aliada”, garantiu.

Filosofia, música e acolhimento
A segunda mesa do Rio de Versos reuniu Salgado Maranhão, Alberto Pucheu e Ronaldo Werneck num grande papo sobre o que é a poesia, suas relações com a música, com a filosofia e com o ser humano.

“Quando nada te quer, a poesia te acolhe. Se você não tem as maravilhas do mundo a seu dispor, é para a poesia que você corre. E ela sempre vai ter resgatar. Por isso o papel do poeta é a rebeldia, porque ele muda tudo quando a liberdade é cerceada”, pensou Salgado Maranhão.

Werneck levou seu longo texto pronto e mostrou as diferenças da poesia para a música, e do compositor para o poeta. Enquanto um separou, Alberto Pucheu, que é também filósofo, uniu.

“Eu era um jovem comum, até que vi, durante um show, um cartaz sobre um curso de filosofia. E digo que descobri a filosofia e a poesia juntas porque comecei com ‘Assim falou Zaratustra’, uma obra de Nietzsche que é praticamente um poema. E caminham juntas comigo, como uma coisa só”, afirmou, citando um dos mais famosos escritos de Nietzsche que inspirou até música.

Programação cheia
Quem acompanhou o último dia do Rio de Versos pôde ver a apresentação de coletivos de poesia como Vozes & Versos e Povo do Livro, além de apresentações marcantes de Carlos Orfeu, Juan Shulz, Karla Julia, Nivaldo Costa, Mano Melo, Jorge Ventura, Delayne Brasil, Artur Gomes, Marisa Vieira, Marcela Giannini, Wanda Monteiro, José Inácio Vieira de Melo e do próprio Sady Bianchin. No cine Henfil, o filme “Cora Coralina – Todas as vidas”, de Renato Barbieri, levou ao público a obra da poetiza goiana.

Neste domingo, tudo acabou em carnaval: o grupo Céu Na Terra levou músicas históricas do período mais brasileiro do ano para uma festa na Praça Orlando de Barros Pimentel.



Conteúdo Original

2025-11-02 23:45:00

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