O caso envolvendo Hytalo Santos, influenciador digital, ganhou ainda mais repercussão após a reportagem deste domingo (17/8) do “Domingo Espetacular”, da Record, entrevistar uma adolescente que participava de seu canal, bem como familiares das menores. As identidades das fontes foram preservadas para proteger a imagem das crianças.
De acordo com os relatos, a primeira adolescente a gravar vídeos para Hytalo conheceu o influenciador enquanto morava em Cajazeiras, na Paraíba. “No momento que mais precisei ele tava do meu lado e agora tô precisando muito dele, e não tá do meu lado. Isso que me machuca”, disse a jovem. A entrevista foi realizada na casa que o influenciador teria comprado para a família da menina.
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Um dos pais de outra adolescente relatou que Hytalo oferece suporte financeiro a adolescentes em troca de participação nos vídeos da chamada “Turma do Hytalo”. As gravações mostrariam momentos com teor sexual e festas com consumo de álcool, o que gerou preocupação de familiares.
“Eu nunca quis isso pra ela. Queria que estudasse, se formasse, tivesse uma boa profissão, não que ficasse exibindo o corpo”, afirmou o pai, que já denunciou o caso ao Ministério Público. Entre os episódios relatados, estaria a gravação de uma adolescente dormindo ao lado da menor, filha do pescador, que pediu para não ser identificado.
Em contrapartida, a jovem que não foi identificada na reportagem afirmou que considera as gravações parte de sua vida e rotina. “Ele só acordava gravando e eu sempre estava do lado dele. Acho uma coisa normal, até porque é minha vida. Eu sou assim”, disse a menina.
A mãe da jovem também deu seu depoimento ao “Domingo Espetacular” e chegou a questionar qual crime existe nas ações de Hytalo: “Vendi minha casa que tinha lá, abandonei meu emprego e fui viver a vida com ela, realizar o sonho dela. E nunca vi nada demais. […] Eu queria saber qual a ilegalidade que encontraram dentro de minha casa”.
A mãe da adolesceu ainda defendeu o relacionamento da filha com o influenciador: “A real história é que ela ama ele, não deixa ele. Você consegue proibir um amor do seu filho por alguém? Não concordo com nada disso. Como ela está sendo adultizada se ela teve infância, me explique?”, contou ela.
O caso de Hytalo Santos revela, segundo especialistas, um retrato alarmante da realidade brasileira, onde a vulnerabilidade social e a busca por ascensão rápida podem levar pais a expor seus filhos em situações de risco. Embora a maioria dos adolescentes envolvidos seja maior de idade, a investigação questiona se os responsáveis se omitiram ao permitir a exposição dos filhos em situações inadequadas.
Ainda segundo especialistas, a exposição precoce de crianças e adolescentes nas redes sociais pode ter repercussões negativas no seu desenvolvimento psicológico e emocional. O fenômeno do “sharenting”, que envolve o compartilhamento excessivo da vida dos filhos nas redes sociais, tem sido associado à adultização precoce, onde crianças assumem papéis e comportamentos típicos de adultos, muitas vezes sem compreender as implicações disso.
O caso segue sob investigação pelas autoridades, enquanto familiares e especialistas debatem os limites da exposição de menores nas redes sociais e o impacto da adultização precoce proporcionada pelo ambiente virtual.