A atriz Maidê Mahl, que segue em processo de reabilitação motora após um grave episódio de saúde ocorrido há quase um ano, enfrenta mais um desafio no caminho da recuperação: a dificuldade para conseguir transporte por aplicativo com acessibilidade. Em entrevista ao portal LeoDias, a amiga e cuidadora Mariah Eveline denunciou que motoristas do aplicativo de transporte Uber têm sistematicamente recusado as corridas ao saberem que ela está acompanhada de uma pessoa com mobilidade reduzida e que utiliza cadeira de rodas.
“Hoje a Maidê está começando a ter uma vida social. As saídas são realmente para a reabilitação ou para os médicos. Eu não dirijo e não gosto de dirigir; então, a gente depende de Uber para isso. Eu tinha que pedir o Uber praticamente uma hora antes do compromisso. Eu tenho um texto montado e digo que estou com uma pessoa com limitação de mobilidade, então usa cadeira de rodas para sair e eu preciso que entre no condomínio para nos pegar. A partir do momento que eu falo isso, os motoristas já cancelam”, relatou Mariah.
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Segundo ela, o problema é recorrente e tem exigido um esforço extra para garantir que Maidê chegue às sessões de fisioterapia e reabilitação, que ocorrem três vezes por semana. Mariah contou também ao portal que, muitas vezes, só consegue embarcar na terceira ou quarta tentativa.
“Acionei pelas redes sociais e o Uber entrou em contato comigo. Me fez várias perguntas, pegou o nome dos motoristas, mas a nível de devolutiva aconteceu isso. Até propus uma campanha sobre mobilidade; e até agora não tive nada como devolutiva em relação a isso”, lamentou.
Cansada da situação, Mariah buscou alternativas e conseguiu contratar um serviço independente em São Paulo, chamado “Mãe Turistas”, que oferece transporte especializado para crianças e pessoas com deficiência. No entanto, por conta da demanda, só conseguiu vagas às segundas e sextas-feiras. Às quartas, Maidê continua sem transporte garantido.
Em busca de outras alternativas, Mariah acionou outro serviço especializado em corridas para pessoas com mobilidade reduzida. Ela também relatou que, recentemente, mais uma tentativa frustrada com a Uber a obrigou a tentar quatro chamadas até conseguir um motorista que aceitasse a corrida. “Na quarta-feira eu ainda estou descoberta. Parece uma piada isso, mas a Uber me mandou tirar o print dos motoristas que cancelaram. A Uber sabe quem é que cancela, não tem o que ter esse trabalho. Ontem foi um dia em que de novo aconteceu, então isso é recorrente”, desabafou ela.
Em vídeo, Mariah relatou em suas redes sociais o acontecido também, o que gerou uma onda de identificação. Ela afirma ter recebido mensagens de usuários de diversas partes do Brasil, relatando experiências parecidas com familiares ou amigos cadeirantes.
Procurada pela reportagem, a Uber Brasil enviou a seguinte nota:
A Uber lamenta o caso e ressalta que não tolera qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo. Temos como política que os motoristas parceiros cumpram a legislação que rege o transporte de pessoas com deficiência.
Nos casos em que usuários sentirem que o tratamento dado pelo parceiro não foi respeitoso, ou que desrespeitou os termos da lei, ressaltamos sempre a importância de reportarem esses incidentes à Uber, para que possamos tomar as medidas necessárias. Conforme explicitado no Código da Comunidade, casos comprovados de motoristas que adotem conduta discriminatória podem levar à perda de acesso à plataforma.
A Uber tem o compromisso de promover respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app. Neste sentido, a plataforma fornece diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e respeito e possui um guia de acessibilidade que tem como objetivo apoiar os motoristas parceiros com informações sobre como ter interações positivas e respeitosas com usuários que têm alguma deficiência. A Uber inclusive abordou o tema no quinto episódio do Uber Cast.
Mais informações: Acessibilidade na Uber e os recentes esforços e iniciativas para PCDs.