Yun Ki Lee é suspeito de omissão imprópria e, caso a denúncia seja aceita, vai responder de acordo com os crimes de furto e lavagem de dinheiro
A Polícia Civil concluiu nesta segunda-feira (23), o inquérito do caso Vai de Bet e indiciou Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do Corinthians e chefe do departamento na época em que o clube assinou contrato com a antiga patrocinadora. Agora, o caso está nas mãos do Ministério Público. Além de Lee, a Polícia Civil já havia indiciado o presidente afastado Augusto Melo, o ex-superintendente de marketing Sergio Moura, o ex-diretor administrativo Marcelo Mariano e o empresário Alex Cassundé, cuja empresa teria recebido R$ 1,4 milhão por supostamente intermediar o negócio com a casa de aposta. O trio responde por associação criminosa, furto qualificado pelo abuso de confiança e lavagem de dinheiro. Lee foi indiciado por omissão imprópria e vai responder de acordo com os crimes de furto e lavagem de dinheiro.
A reportagem entrou em contato com dirigente, mas não obteve resposta. A matéria será atualizada em caso de manifestação. Yun Ki Lee foi um dos dirigentes que pediu demissão logo após o caso Vai de Bet vir à tona. Em janeiro de 2024, o Corinthians anunciou um acordo de patrocínio com a marca no valor R$ 360 milhões. A casa de aposta rescindiu de maneira unilateral em junho após estourar a informação de que a Rede Social Media, intermediadora citada no contrato, repassou parte da comissão a uma empresa de fachada.
Após quase um ano de investigações, a polícia concluiu que a Rede Social Media, apontada como intermediadora do acordo de patrocínio, usou uma empresa fantasma para fazer R$ 1.074.150,00 chegar à conta bancária da UJ Football Talent Intermediação, empresa apontada como braço do Primeiro Comando da Capital (PCC)
Para as autoridades, Lee tinha a obrigação de impedir que o caso prosperasse, mas não enviou o contrato para o setor de compliance do Corinthians. Assim, assumiu a responsabilidade de analisar o documento e não indiciou qualquer irregularidade. Um dos motivos que deveria tem chamado a atenção do ex-diretor jurídico, segunda as autoridades, é o fato de a Rede Media Social Ltda. não possuir cadastro no Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), sistema que identifica atividades econômicas de empresas no País.
O promotor Juliano Atoji acompanhou as oitivas da Polícia Civil desde o princípio da investigação. Caso seja oferecida denúncia, Yun Ki Lee, Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Cassundé se tornarão réus. Caso eles sejam condenados após a realização das audiências, eles ainda podem recorrer a esferas superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
Entenda o caso Vai de Bet
Primeiro contrato da gestão Augusto Melo, o acordo de R$ 360 milhões da Vai de Bet com o Corinthians, rescindido unilateralmente pela casa de aposta em junho de 2024, previa o pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à intermediadora Rede Media Social Ltda. Ou seja, R$ 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato. Citada no contrato como intermediadora do negócio, a Rede Media Social Ltda. tem CNPJ no nome de Alex Cassundé, antigo membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo.
A rescisão por parte da Vai de Bet ocorreu após vir à tona repasses de parte da comissão pela Rede Media Social Ltda à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa “laranja” cujo CNPJ está em nome de Edna Oliveira dos Santos, mulher de origem humilde de Peruíbe, no litoral paulista. A Polícia Civil, por meio da Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), concluiu que a Rede Social Media Ltda usou uma empresa fantasma para fazer R$ 1 milhão chegar à conta bancária da UJ Football Talent Intermediação, empresa apontada como braço do PCC. O clube nega ter contrato com a empresa.
À polícia, Cassundé afirmou que sua ligação com o clube se deu por meio de Marcelo Mariano e o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura, que deixou o clube no ano passado. O dono da Rede Media Social negou ter atuado efetivamente como intermediário do acordo, apesar do nome de sua empresa estar no contrato.

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Por sua vez, a defesa de Augusto Melo reitera a convicção de que o presidente do Corinthians “não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso” e que o único papel desempenhado por ele foi “ter recebido a proposta, encaminhado aos departamentos competentes e firmado o contrato com a aprovação de todos os setores envolvidos.”
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Fernando Dias