UEFA tem muito a ensinar a Conmebol sobre o investimento no futebol feminino

Enquanto a Eurocopa quebrou recorde atrás de recorde, a Copa América ficou marcado por baixa estrutura, falta de presença de público e até mesmo, como as jogadoras chegaram a relatar, descaso com o futebol feminino Photo by Miguel MEDINA /


Enquanto a Eurocopa quebrou recorde atrás de recorde, a Copa América ficou marcado por baixa estrutura, falta de presença de público e até mesmo, como as jogadoras chegaram a relatar, descaso com o futebol feminino

Photo by Miguel MEDINA / AFP)
A zagueira inglesa nº 06 Leah Williamson (CL) e a meio-campista inglesa nº 04 Keira Walsh (CR) erguem o troféu enquanto a Inglaterra comemora a vitória na final da Eurocopa Feminina da UEFA de 2025 entre Inglaterra e Espanha

Apenas uma semana separou a final da Copa América Feminina da Eurocopa, mas um abismo divide as duas competições. Isso porque a forma como a Conmebol, organizadora do torneio sul-americano, e a UEFA, responsável pela competição Europeia, tratam o futebol feminino são completamente diferentes, tanto em números como em organização. Enquanto a Eurocopa quebrou recorde atrás de recorde, a Copa América ficou marcado por baixa estrutura, falta de presença de público e até mesmo, como as jogadoras chegaram a relatar, descaso com o futebol feminino.

Kerolin, atacante da Seleção e Manchester City, escreveu nas redes sociais: “É surreal a diferença de estrutura, audiência, investimento. Chega ser desanimador, não queria vir aqui falar sobre isso, mas estrutura seria o mínimo pra nós”, disse. “Enquanto na Euro batem recordes de tecnologia, a gente aquece em uma sala de MÁXIMO 20m com cheiro de tinta. BIZARRO!”, acrescentou.

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Desde 2016, a Conmebol obriga que os times que participam da Copa Sul-Ameriana e Libertadores tenham equipes femininas. A medida, no entanto, só começou a valer em 2019. E apesar de ter uma competição destinada para o futebol feminino, a Libertadores, o suporte dado para as equipes ficam a desejar. No ano passado, após conquistarem pela quinta vez a competição, as jogadoras do Corinthians – maior vencedor do torneio – fizeram um vídeo pedindo maior atenção com a modalidade e chegaram a compartilhar imagens do ônibus utilizados para o transporte para o jogo que estava caindo aos pedaços.

Entre os protestos das Brabas estavam:

  • Falta de divulgação;
  • Limite de atletas inscritas;
  • Espaço de tempo entre os jogos;
  • Condições dos gramados;
  • Mudança de sede de última hora.

O descaso não ficou só em 2024 e na Libertadores, reverberou na Copa América e as críticas e protestos continuaram, dessa vez com Arthur Elias, Marta, Ary Borges e jogadoras de outras Seleções fazendo reclamações pela forma que o campeonato estava sendo tratado. “O que a Conmebol está fazendo é ridículo”, declarou Ary.

Um dos descontentamentos era o fato de que, na Copa América, apenas três estádios foram disponibilizados, sendo que na primeira fase, com exceção do primeiro e do segundo jogo, todas as demais partidas foram realizadas no mesmo dia e estádio com um intervalo de apenas três horas entre um e outro, o que fez com que as seleções não pudessem aquecer em campo e precisassem ficar no vestiário em uma sala pequena. Foi só depois de Marta, Ary Borges e Arthur Elias reclamarem da situação publicamente que a Conmebol liberou o uso do gramado por 15 minutos antes das partidas.

Na Eurocopa, oito estádios foram utilizados para a realização dos jogos. E dentre os vários recordes quebrados, um das coisas que mais chamou atenção na competição, é que os números foram alcançados na Suíça, um país que tem uma seleção que mal atraía público e uma liga pouco desenvolvida, mas que foi capaz de encher os estádios durante um mês de competição.

Recorde de Público x estádio vazios

Os números são expressivos quando falamos das torcidas nos estádios. Na Euro, dos 31 jogos, 29 tiveram ingressos esgotados. Antes da final entre Espanha e Inglaterra, um recorde de 623.088 espectadores compareceram na UEFA Women’s EURO 2025, superando a marca anterior, de 574.875 espectadores da UEFA Women’s EURO 2022, na Inglaterra, e 247.041, na Holanda, em 2017. Já na Copa América, o maior público foi na final entre Colômbia e Brasil, em que cerca de 25 mil pessoas estiveram presentes no estádio para prestigiar as duas equipes. As demais partidas, com exceção da abertura, entre Peru e Equador, que registrou 6.000 torcedores em um estádio que comporta 12.000, o número médio de público por partida era de 300 espectadores por jogo.

“As expectativas eram altas para este torneio – e a UEFA Women’s EURO 2025 superou todas elas”, Nadine Kessler, diretora de futebol feminino da UEFA. “A UEFA Women’s EURO 2025 estabeleceu um novo padrão para o futebol feminino. Com números recorde de assistência, uma cobertura mediática sem precedentes e um interesse global como nunca antes visto, este torneio conquistou corações e manchetes em todo o mundo. Estamos incrivelmente orgulhosos do progresso do futebol feminino”, disse Aleksander Čeferin, presidente da UEFA.

Premiação

Também é notória a diferença orçamentária. Enquanto a Conmebol pagou US$ 1,5 milhões (cerca de R$ 8,5 milhões) para a equipe campeã, no caso o Brasil, essa foi a quantia que cada uma das 16 seleções europeias receberam só pelo fato de participarem do torneio. Neste ano, a Eurocopa teve premiação recorde, com um aumento de 156% em comparação a edição de 2022. Para o torneio, foi destinado 41 milhões de euros (cerca de R$ 264 milhões), quantia que foi dividida entre as equipes participantes. Só pela participação, cada uma seleção recebeu 1,8 milhões de euros (aproximadamente R$ 11 milhões). Por ter ficado com a taça pelo segundo ano seguido, a Inglaterra recebeu cerca de R$ 33 milhões.

A Colômbia, duas vezes vice da Copa América, embolsou US$500 mil em cada campanha (2022 e 2025). Diferente do velho continente, aqui na América não houve um aumento do valor entre as duas edições, que foi quando a organização passou a disponibilizar prêmio em dinheiro.

UEFA laça projeto para impulsionar futebol feminino

No ano passado, a UEFA lançou um projeto ambicioso, o Unstoppable, que promete de 2024 a 2030 investirá mais do que nunca no futebol feminino através de iniciativas específicas, projetos de desenvolvimento do futebol feminino, possibilitando que a modalidade seja a mais praticada entre mulheres e meninas em todos os países europeus e aumentando o número de ligas totalmente profissionais. Entre as metas estão:

  • Fazer da Europa a casa dos melhores jogadoras do mundo, com seis ligas totalmente profissionais e 5 000 jogadoras profissionais em todo o continente;
  • Tornar o futebol no desporto feminino mais sustentável e com maior capacidade de investimento, com competições da UEFA que bateram recordes;
  • Assegurar que o futebol feminino é celebrado pelos seus valores e comunidade únicos, onde todos acreditam que podem ter um lugar.

As movimentações da UEFA em prol do futebol feminino e o comprometimento com o investimento e desenvolvimento da modalidade que é cotada para ser o quinto maior esporte do mundo até 2030, segundo Nielsen Sports em parceria com a PepsiCo, fazem parecer que a Conmebol apenas cumpre tabela com o futebol feminino, e o mais certo a se fazer era se inspirar em que vem tendo resultado e realmente colhendo os frutos do investimento.





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