Recentemente, abordei nessa coluna o sucesso que os projetos baseados em crimes reais fazem nas plataformas de streaming. Entre todos os profissionais que entrevistei, havia uma opinião unânime: só é interessante recontar a história de um assassinato, de um sequestro ou de qualquer ato de violência se for possível levantar uma discussão a partir disso.
Entendo que serviços de streaming e emissoras abertas são plataformas distintas, com públicos e propostas diferentes, mas nenhuma disparidade entre esses dois meios explica o modo como casos de violência são retratados nos jornalísticos policiais da TV, como Primeiro Impacto, do SBT, Cidade Alerta e Balanço Geral, da Record, e Brasil Urgente, da Band,. Com a estreia do Aqui Agora, no SBT, o espaço excessivo que esse tipo de programa tem nos canais lineares ficou ainda maior.
Com o suposto objetivo de informar, esses noticiários mesclam a espetacularização da violência com uma espécie de performance da indignação em que seus apresentadores bradam frases de efeito cobrando soluções das autoridades a respeito das situações que abordam em suas atrações. Muitas vezes, falta sobriedade à cobertura que esses programas fazem de casos policiais e de tragédias urbanas, como enchentes, incêndios e desabamentos. O tom apocalíptico que é adotado em alguns casos faz parecer que a realidade é pior do que realmente ela é.
2025-08-27 06:15:00