Seria uma “Palma Perfeitata”, de Jafar Panahi, pois, além do filme ser genial ao trazer uma trama inteligente, que faz o melhor uso das condições limitadas de produção, o cineasta ficou preso nos últimos anos e proibido de sair do Irã nos últimos 14 anos.
Panahi, que recebeu o prêmio Melhor Roteiro em Cannes por “Três Faces”, não pôde estar presente em 2017. Em 2022, levou o Melhor Roterio em Veneza por “Sem Ursos” e também não esteve presente, pois estava encarcerado, fato que rendeu um protesto dos artistas no tapete vermelho do festival. Esta seria a primeira vez que o cineasta seria premiado em Cannes e um posicionamento político importante de Cannes sobre a liberdade de expressão dos artistas de todo o mundo.
Em “It Was Just An Accident”, ele usa histórias que ouviu de companheiros de cárcere para construir uma história sobre um mecânico que reconhece seu torturador na prisão pelo seu passo. Para tirar a dúvida e não cometer uma injustiça, pois quer matar o algoz, ele chama os companheiros que também foram presos para identificar o sujeito.
Mas como todos ficavam vedados durante as torturas, cada um reconhece por um sentido: o passo, a voz, o cheiro? Um roteiro muito engenhoso e um final que é puro cinema, Panahi prova que é possível arriscar e inovar sempre, mesmo correndo o risco de voltar a ser preso quando retornar para a casa com sua merecida Palma ou prêmio. É possível e provável que leve Prêmio do Júri, Direção e até Roteiro em Cannes.
Para completar, depois que “A Semente do Fruto Sagrado”, de Mohammad Rasoulof, que merecia a Palma em 2024, levou só um Prêmio Especial, pois o júri presidido por Greta Gerwig preferiu apostar no cinema mais pop de “Anora, de Sean Baker, uma Palma para o Irã seria a justiça sendo finalmente feita.
“Sentimental Value” – de Joachim Trier
2025-05-24 05:30:00