E eu fico aqui me perguntando: quem ensinou esses homens a amar e se a relacionarem com mulheres assim?
A resposta, por mais incômoda que seja, passa pela cultura que a gente consome e produz há décadas.
Crescemos vendo a Tiazinha ou a Feiticeira de calcinha apertada no horário nobre, as dançarinas do É o Tchan rebolando na boquinha da garrafa, famosos tentando pegar sabonetes em uma banheira com mulheres de biquininho, capas de revistas masculinas que nos ensinavam que o ápice da carreira da mulher era mostrar seu corpo para homens. As mulheres frutas tomavam conta da mídia e assistentes de palco ficavam dançando de jeito sedutor nas noites de domingo enquanto eram zuadas sem dó pelos apresentadores dos programas de comédia.
Nas novelas, a esposa servia tradicionalmente o café, perdoava a traição, esperava o marido decidir seu destino. Como foi assim também na publicidade e onde a tal da “família de comercial de margarina” nasceu, com a mulher cuidando do bem estar da família em primeiro lugar.
A gente mudou de século, mas o disco continua o mesmo.
O funk ostentação canta sobre “pegar” mulheres como quem coleciona troféus. O trap romantiza ciúme doentio. O sertanejo universitário normaliza bebedeira e término violento. Nas séries e filmes os corpos femininos são exibidos a todo momento, enquanto o nú masculino ainda é um tabu.
2025-12-08 17:29:00



