Público pede filmes originais, mas bilheterias apontam o contrário

O discurso é sempre o mesmo: “chega de sequências e remakes, queremos algo novo!’. Mas basta olhar os números das bilheteiras para perceber que o público talvez não esteja tão interessado assim em filmes originais. Ao menos não nas salas


O discurso é sempre o mesmo: “chega de sequências e remakes, queremos algo novo!’. Mas basta olhar os números das bilheteiras para perceber que o público talvez não esteja tão interessado assim em filmes originais. Ao menos não nas salas de cinema.

Nas últimas semanas, Lilo & Stitch chegou aos cinemas em versão live-action e já ultrapassou a marca dos US$ 300 milhões (R$ 1,7 bilhão) em bilheteria. Pouco tempo antes, em 2024, Divertida Mente 2 teve uma estreia avassaladora e somou US$ 295 milhões (R$ 1,6 bilhão) apenas nos primeiros dias. As duas produções reforçam uma tendência difícil de ignorar: continuações e remakes ainda dominam o interesse popular.

Enquanto isso, os filmes originais enfrentam um cenário desolador. Elio, a nova aposta da Pixar lançada em 2025, estreou com apenas US$ 35 milhões (R$ 192 milhões). Elementos (2023) teve um desempenho semelhante, com US$ 44 milhões (R$ 242 milhões) em sua abertura. São números baixos, especialmente para um estúdio conhecido por sua excelência criativa.

Contradição do público?

Elio, por exemplo, é uma história inédita de ficção científica com apelo emocional e um protagonista carismático. Já Elementos foi resgatado pelo público no streaming e até virou um sucesso tardio. Mas, nas salas de cinema, ambos passaram quase despercebidos. Já as continuações, por mais criticadas que sejam, continuam arrastando multidões.

A ironia é inevitável: o público exige originalidade, mas entrega seu dinheiro justamente para continuações de histórias conhecidas. É o efeito nostalgia, aliado à segurança de saber no que está se investindo tempo (e ingresso). Personagens familiares e universos já estabelecidos têm, hoje, muito mais apelo do que qualquer conceito inédito.

O caso de Lilo & Stitch é emblemático. Mesmo com as mudanças em relação à animação original de 2002, o filme conquistou uma bilheteria robusta. A marca da Disney e o apego ao desenho animado foram o bastante para encher as salas de cinema ao redor do mundo.

Não é que o público odeie ideias novas. Mas parece que prefere conhecê-las no conforto do sofá. Muitos filmes originais ganham fôlego apenas após a estreia no streaming, onde o ‘risco’ de investir numa história desconhecida é bem menor. A sala escura, por outro lado, virou espaço premium para franquias e nostalgia.



Conteúdo Original

2025-06-24 07:00:00

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